O presidente também falou da tentativa criminosa de venda da fabricante nacional de aviões para a Boeing americana. “Graças a Deus não deu certo e a Embraer está aqui outra vez”, destacou
O presidente Lula participou nesta sexta-feira (19) da cerimônia de assinatura de um contrato do BNDES de financiamento da venda de aviões da Embraer para a empresa norte-americana American Airlines. Ele lembrou que no governo passado o BNDES só serviu para mandar dinheiro para o Tesouro “para se fazer aquelas loucuras que fizeram nesse país”.
A solenidade aconteceu dentro da Embraer em São José dos Campos para o anúncio do financiamento à exportação de 32 jatos comerciais E175 da Embraer para a American Airlines. O contrato, no valor de R$ 4,5 bilhões, é feito via Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), por meio do BNDES Exim Pós-embarque, linha de crédito direto do Banco para comercialização de bens nacionais destinados à exportação.
Em seu discurso, Lula falou de seu orgulho com Embraer, que é a terceira maior empresa fabricante de aviões do mundo. Ele lembrou da tentativa de venda da Embraer para o Boeing no governo passado. “Eu fiquei muito triste quando eu acompanhava pela imprensa que o governo estava facilitando a venda da Embraer para a Boeing e que a Embraer ia ficar com menos gente aqui e que a Boeing ia produzir o avião”, denunciou.
“Eu fiquei imaginando como pode um país que tem uma empresa da magnitude da Embraer, com engenharia formada aqui nesse país, a terceira empresa de aviação do mundo, como pode alguém achar que é só vender e que tudo vai melhorar? Até quando a sociedade brasileira vai acreditar nessas coisas?”, indagou.
O chefe do Executivo criticou também os ataques à Petrobrás e as privatizações da Eletrobrás e da Vale. “A Petrobrás é uma empresa extraordinária para quem tem orgulho de ser brasileiro”, destacou. “A Eletrobrás, uma empresa extraordinária, de interesses de segurança nacional, uma empresa que era modelo, exemplo, foi privatizada em nome da ‘honestidade’, em nome de que é preciso acabar com o Estado”, denunciou Lula.
Assista a solenidade na Embraer
Presidente Lula anuncia contrato de financiamento do BNDES às exportações da Embraer https://t.co/89toWkd27L
— Lula (@LulaOficial) July 19, 2024
Ele apontou a disparada nos benefícios dos altos diretores da companhia como uma das consequências da privatização. “Um diretor da Eletrobrás quando ela era pública ganhava R$ 60 mil por mês. Aí privatizaram, botaram um bando de gente lá. Sabe para quanto foi o salário do diretor-presidente? R$ 360 mil por mês, numa demonstração do que conseguem fazer com a indústria brasileira”, denunciou.
Lula também abordou de forma crítica a venda da Vale que, segundo ele, hoje ‘é controlada por grupos de aplicadores e ninguém sabe mais quem é o dono da empresa”. “Dizem que ela cresceu, mas não foi ela que cresceu. Quem cresceu foi a China que compra tudo da Vale e da Austrália”, afirmou o presidente. Ele destacou que enquanto a China cresceu, a Vale ficou parada. “Depois ainda provocaram aqueles desastres horríveis em Mariana e Brumadinho”, acrescentou.
Aloizio Mercadante lembrou que “o BNDES é o maior parceiro da Embraer e já apoiou a exportação de mais de 1.300 aeronaves desde 1997. São financiamentos que ultrapassam US$ 25 bilhões ao longo dos anos”. “A manutenção desse apoio contribui para que a empresa brasileira continue sendo uma das três maiores do mundo em produção de aviões, gerando empregos qualificados e renda no Brasil”, disse o presidente do Banco.
“O financiamento vai contribuir para acelerar a produção e exportação das nossas aeronaves à American Airlines e impulsiona o processo de neoindustrialização do Brasil, aumentando a inovação e a competitividade do país”, afirmou Francisco Gomes Neto, presidente e CEO da Embraer. “O BNDES tem sido fundamental para o desenvolvimento da indústria nacional por meio do financiamento a exportações, do acesso a recursos de capital de giro e no investimento em pesquisa e desenvolvimento”, completou.
A cerimônia teve a participação do vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin; da ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos, do ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho; e do presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, entre outras autoridades.