A Associação Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal do Brasil (Unafisco) anunciou que vai processar “civil e criminalmente” a advogada Juliana Bierrenbach, que participou da reunião com Jair Bolsonaro para organizar a espionagem contra auditores da Receita Federal que relataram crimes do senador Flávio Bolsonaro (PL-SP).
Juliana foi gravada pelo ex-chefe da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Alexandre Ramagem, pedindo que os auditores fossem espionados por órgãos públicos para que, com as informações obtidas, o grupo conseguisse a anulação do processo das “rachadinhas” contra Flávio Bolsonaro.
Eles usaram a estrutura da Abin e da própria Receita Federal no caso, resultando na anulação dos processos.
Na reunião, Juliana contou para Jair Bolsonaro e aos demais presentes que havia na Receita Federal “uma organização criminosa que tem o objetivo de destruir desafetos”.
Para a Unafisco, a acusação “de que uma organização criminosa atuava dentro da Receita Federal, supostamente agindo contra desafetos políticos são extremamente graves e potencialmente danosas à reputação dos auditores fiscais e da instituição”.
O presidente da entidade, Mauro Silva, disse que “que não hesitará em tomar todas as medidas legais, civil e criminalmente, para proteger a reputação dos auditores fiscais”.
Na avaliação do grupo, a fala de Juliana Bierrenbach “não estava protegida pela imunidade profissional da OAB, uma vez que, como a ela própria admitiu, não representava mais o senador Flávio Bolsonaro”.
A gravação feita por Alexandre Ramagem foi apreendida pela Polícia Federal no âmbito da investigação sobre a chamada “Abin paralela”.
Os investigadores descobriram que o governo de Jair Bolsonaro organizou uma estrutura ilegal de espionagem contra adversários políticos e desafetos do ex-presidente.
Entre os espionados figuram ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), o então presidente da Câmara, Rodrigo Maia, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e deputados. Foram espionados os dirigentes da CPI da Pandemia, no Senado. Na lista há também jornalistas e advogados.