Apenas 29% apoiaram. Além disso, 66% disseram ser contra ter arma em casa e 77% se colocaram contra o ‘homeschooling’, ou seja, a criança estudar em casa. Pesquisa ouviu 613 moradores de São Paulo, entre 24 e 28 de junho
O levantamento realizado pelo Datafolha, entre os dias 24 e 28 de junho, vai na contramão do PL do Estuprador e aponta que 53% dos evangélicos paulistanos são contra que a mulher que interrompe uma gravidez seja processada e vá para cadeia.
Ao responder à pergunta: “Você é a favor ou contra que a mulher que interrompe uma gravidez seja processada e vá para cadeia?”, 53% responderam ser contra.
O PL 1.904/24, do deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ) e outros 32 deputados bolsonaristas, está em discussão na Câmara dos Deputados.
Pelo projeto, amplamente rejeitado pela população brasileira, a mulher que abortar depois de 22 semanas de gravidez, ocasionada por estupro, que a lei atual permite, será apenada em 20 anos de prisão. Para o estuprador, a pena é de 10 anos.
Desse modo, pela proposta, a mulher estuprada é punida 2 vezes, enquanto o criminoso é beneficiado, com penas 2 vezes menor. Por essa razão, o projeto de lei ganhou o prosaico apelido de “PL do Estuprador” ou “PL do Estupro”.
Quando foi perguntado se o aborto deve deixar de ser crime, 68% desses religiosos disseram que não e apenas 23% a favor.
MANTER REGRAS
Além disso, 48% dos evangélicos entrevistados, as regras para o aborto no Brasil não devem ser alteradas. A pesquisa foi feita com 613 moradores de São Paulo. Somente 29% afirmam que mulher que abortar deve ser presa.
A pesquisa mostra, e expressa, que não há unanimidade entre os evangélicos paulistanos quando o assunto é aborto. Mas a ampla maioria discorda do conteúdo do projeto. O tema voltou a ser discutido na Câmara dos Deputados após projeto de lei propor equiparar quem aborta com mais de 22 semanas à homicida.
ARMAS E “HOMESCHOOLING”
Outras ideias mostram que os evangélicos paulistanos não estão 100% alinhados com as pautas bolsonaristas. Essa foi a constatação de pesquisa feita pelo Instituto Datafolha.
Segundo o levantamento, outras divergências entre os fiéis e as ideias promovidas por Jair Bolsonaro (PL) se referem às armas e ao “homeschooling”, o ensino em casa ou à distância.
De acordo com a pesquisa, apenas 28% dos evangélicos da cidade mais populosa do Brasil acreditam que o cidadão deve ter arma para se defender. 66% são contra.
A pauta é considerada valiosa para Bolsonaro, que promoveu política pró-armamento durante o governo dele — 2019 a 2022. Até hoje, aliados do ex-presidente usam esta bandeira, seja no Congresso ou nas redes sociais.
Outro tema sensível para os evangélicos da capital paulista é o chamado “homeschooling”, levantado por Bolsonaro e a então ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, a atual senadora Damares Alves (Republicanos-DF).
A resposta a essa pergunta foi esmagadora: 77% dos evangélicos são contra. Ainda segundo a pesquisa Datafolha, apenas 19% dos evangélicos de São Paulo aprovam a ideia de que os pais possam substituir as escolas com o ensino em casa. O levantamento afirma que, principalmente na periferia, a merenda escolar é considerada importante para os fiéis.
“IDEIAS” DOS BOLSONARISTAS
Punir com prisão mulher que aborta, mesmo que a gravidez seja originada por estupro, educar os filhos em casa, possuir arma de fogo para defesa pessoal e da família não são propostas apresentadas ou ideias que surgem avalizadas por amplo debate e pesquisa na sociedade.
São ideias, a partir de crenças, medos e posições político-ideológicas de Bolsonaro, que os seguidores apoiam, porque simplesmente concordam com ex-presidente. E são formuladas apenas a partir de convicções.
São contra o aborto, independentemente de como foi originado, porque acreditam que “existe vida a partir da concepção”. Trata-se apenas de ideia, de posição, inclusive religiosa.
Defendem o ensino em casa pois acham que os filhos, dessa forma, deixam de ser “doutrinados” com ideias políticas de “esquerda”. Não há nisso nenhuma aferição científica para propor a adoção para tal política. Para muitos, açulados pelo bolsonarismo, tudo o que é ciência é perigoso e, supostamente, de “esquerda”. Em sua alucinação vêm esquerda até debaixo da cama.
E, no caso da defesa das armas, o endereço é o chamado o suposto “cidadão de bem” que precisa se defender e também a família, como a propriedade, ainda que várias pesquisas mostrem, aos borbotões, que ter arma de fogo em casa não protege. Ao contrário, estimula a violência.
M. V.