País deve encerrar o ano com taxa em torno de 16% do PIB
A taxa de investimento do Brasil deve encerrar este ano em 15,9% do PIB (Produto Interno Bruto), segundo dados do Fundo Monetário Internacional (FMI). Trata-se da 20ª pior taxa entre 170 nações analisadas pelo FMI, que estima que a taxa de investimento brasileira deve se estabilizar em uma faixa entre 15% e 16% do PIB até 2029, o que levaria o país a figurar entre a 19ª e 18ª pior taxa de investimento do mundo. Os dados foram divulgados pelo Valor Econômico, na terça-feira (23).
Em 2023, a taxa de investimento brasileira foi de 16,1% do PIB – a 24º pior entre os países analisados – diante de uma economia sobrecarregada por uma taxa de juros básica da economia (Selic) de 13,75%, ao longo de grande parte do ano passado, e que se encerrou em 11,75% no final do ano.
No ano passado, os investimentos no Brasil em máquinas e equipamentos, construção etc., tombaram em -3,0% no ano, conforme o indicador de Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF).
Conforme as projeções do FMI, ainda, a média das taxas de investimento para o mundo deste ano até 2029 é de 26,8%, mas cai para 23,5% sem considerar o gigante asiático, comenta economista da LCA Consultores Francisco Pessoa Faria. O mesmo vale para os emergentes, com a média passando de 32% para 26%.
Para este ano, o mercado financeiro faz pressão para que a Selic encerre em 10,5%, mesmo patamar que se encontra atualmente. No mês passado, o Comitê de Política Monetária do Banco Central paralisou o ciclo de cortes – a conta-gotas – da taxa básica de juros, que havia sido iniciado em agosto do ano passado.
Além dos juros altos que inibem o crédito e o consumo, a política fiscal impõe restrições aos investimentos transferindo trilhões de recursos públicos para pagamento de juros da dívida pública.
Crítico dos juros altos praticados no Brasil, o diretor de Desenvolvimento Industrial da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Rafael Lucchesi, afirmou em evento realizado na sede da Fiesp em São Paulo, na terça-feira (23), que o atual período de crise de hegemonia econômica global abre “uma janela de oportunidade, mas essa janela de oportunidade ela é curta, ela é estreita, se nós ficarmos pensando apenas em equilíbrio fiscal e alocando os recursos para essa ciranda financeira, seguramente nós vamos estar condenando o futuro”.
O empresário destacou a importância de se transformar o programa de estímulo à reindustrialização do país em “programa de Estado”, a exemplo do que é feito com o Plano Safra, que para este ano de 2024 conta com um aporte de mais de R$ 400 bilhões, enquanto para o Plano Mais Produção estão previstos R$ 300 bilhões em quatro anos, ou apenas R$ 75 bilhões por ano.