Estudo divulgado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), no dia 20, demonstrou o aumento na proporção de trabalhadores desalentados nos últimos dois anos. Desalentados são aqueles desempregados que desistem de procurar emprego porque não conseguem trabalho, ou não têm experiência, ou são muito jovens ou idosos.
No trimestre encerrado em julho, 4,8 milhões de brasileiros estavam nessa condição, maior patamar da série histórica, iniciada em 2012 pelo IBGE. Atualmente o número total de desempregados já chega a 12,9 milhões de pessoas.
De acordo com o estudo, “enquanto no início de 2016 pouco mais de 14% dos que transitavam do desemprego para a inatividade o faziam por conta do desalento, no 2º trimestre de 2018 essa proporção atingiu 22,4%. Esse dado indica que a permanência no desemprego por um período longo, associada a uma taxa de desocupação elevada na economia, está fazendo com que uma parcela cada vez maior dos desocupados desista de procurar emprego. O trabalho mostra ainda que vem crescendo o número de trabalhadores que transitam da ocupação para o desalento em um curto espaço de tempo. Ou seja, após perderem sua ocupação, eles não procuram emprego, ou procuram por pouco tempo e já entram na inatividade”.
“Isso pode indicar que a percepção do trabalhador sobre o mercado de trabalho é ruim. Ele escuta o noticiário e vê uma economia que cresce pouco”, disse a pesquisadora Maria Andréia Parente Lameiras, apontando que há um aumento da transição direta para o desalento.
Os dados se contrapõem ao “crescimento do emprego” ou à “retomada do crescimento”, casualmente registrados pelo governo, uma vez que, ao passar para o “desalento” esses trabalhadores não são considerados ativos, e portando não se enquadram no conjunto de desempregados.
Importante registrar também que, entre os registros com carteira assinada, há ainda os que são trabalho intermitente ou parcial. Dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) registraram a criação de 110 mil empregos com carteira abertos em agosto, mais de 6 mil foram em trabalho intermitente ou parcial, e os salários dos contratados são 9,4% menor que o dos demitidos.