A Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal deve denunciar à PGR e conselhos de Ética da Câmara e Senado contra os parlamentares bolsonaristas
A ADPF (Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal) deve acionar, na próxima semana, a PGR (Procuradoria-Geral da República) contra o senador Marcos do Val (Republicanos-ES) e o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-RJ).
A dupla bolsonarista propagou, recentemente, ataques a delegados da PF (Polícia Federal) que atuam nas investigações do STF (Supremo Tribunal Federal) contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Além da representação na PGR, a entidade também vai buscar na Câmara e no Senado interlocução para que os parlamentares respondam por quebra de decoro.
“CACHORRINHOS DE MORAES”
A reação aos ataques do filho do ex-presidente e do senador vai ser definida na próxima segunda-feira (5), em reunião da diretoria da entidade.
No caso do filho do ex-presidente, a entidade avalia a adoção de medida judicial contra o parlamentar e contra a União.
Em março deste ano, Eduardo concedeu entrevista em que chamou os investigadores da PF de “cachorrinhos de Moraes”.
“CAPATAZ” DE MORAES
O senador Marcos do Val tem usado as redes sociais para fazer ataques diretos ao delegado Fábio Alvarez Shor, responsável por investigações da PF contra o bolsonarismo no Supremo.
Em uma dessas publicações, Marcos do Val, que já é investigado por outros crimes, afirmou que a autoridade policial é “capataz” de Moraes e chega a pedir a prisão do delegado.
“É necessário acabar com essa escalada de ataques desenfreados e infundados contra a PF e os delegados federais. Estamos falando de profissionais que atuam com total independência e seriedade”, disse Luciano Leiro, presidente da ADPF.
“A ADPF não admitirá jamais que nenhum delegado ou delegada federal seja covardemente atacada em decorrência da condução de uma investigação.”
“Iremos sempre atuar de forma combativa e enérgica contra essas situações que, além de exporem moralmente os profissionais, colocam em risco a vida do delegado e de sua família”, acrescentou.
Leia a íntegra da nota pública da ADPF:
“A Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal (ADPF) repudia veementemente as declarações do senador Marcos Do Val e os ataques sofridos pelo Delegado de Polícia Federal Fábio Shor, bem como manifesta apoio irrestrito e solidariedade à autoridade policial.
A Associação não vai admitir que nenhum Delegado ou Delegada Federal seja covardemente atacado em decorrência da condução da investigação.
Os elementos informativos e provas produzidas no inquérito policial devem ser discutidos pela via adequada, ou seja, a judicial, não sendo admitida em hipótese nenhuma a personalização das críticas em redes sociais com objetivo de ferir e expor moralmente o profissional responsável pela condução do inquérito policial. Essa grave conduta pode, inclusive, colocar em risco a vida do Delegado e de sua família.
Além de infelizes, os ataques desconsideram a autonomia investigativa do Delegado, que é manifestada na conclusão do inquérito, sendo esse ainda submetido à análise do Ministério Público e a uma decisão final do juízo competente, notadamente em relação as medidas cautelares.
A entidade está estudando as medidas judiciais cabíveis e se prontifica a dar todo o apoio necessário ao Delegado Fábio Shor.
Reiteramos que a integridade e a dignidade dos Delegados de Polícia Federal devem sempre e incondicionalmente ser preservadas e respeitadas, uma vez que desempenham um papel fundamental na manutenção da justiça e da ordem no nosso país.
Brasília, 15 de julho de 2024.
Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal (ADPF)”