O professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Marcos José Barbieri Ferreira, afirmou que qualquer proposta de desnacionalização da Avibrás é “inaceitável” e “crime lesa pátria”.
Barbieri Ferreira participou de uma live organizada pela Forças de Defesa com o tema “a Base Industrial de Defesa e o futuro da Avibras”.
Assista o programa na íntegra: https://www.youtube.com/live/obZFWc8yc84?si=tw4A6uFGp_c6Gse_
A Avibrás é a principal fornecedora de mísseis e foguetes para as Forças Armadas do Brasil. A empresa brasileira tem capacidade para produzir mísseis táticos de cruzeiro (MTC), fundamentais nas guerras modernas, com capacidade de neutralizar alvos a até 300 km de distância.
Em 2022, no entanto, a empresa pediu recuperação judicial.
Marcos José Barbieri Ferreira explicou que existe um interesse geopolítico por trás das propostas da Austrália e da China para comprar a Avibrás.
Para ele, “vender a Avibrás para a DefendTex [da Austrália] ou para a Norinco [da China] é péssimo, seja para que lado for”.
“Vender uma empresa dessa ou desnacionalizar é um crime lesa pátria. Não é a saída vender uma empresa dessa”, apontou.
Outra proposta que deve ser avaliada, segundo o especialista, é a de estatização da Avibrás. Para ser mantida enquanto empresa nacional, o estado brasileiro terá que atuar. “Ou ele entra sozinho ou em conjunto com uma empresa privada”, disse.
O deputado federal Guilherme Boulos (PSol-SP), pré-candidato à Prefeitura de São Paulo, apresentou um projeto de lei que transforma a Avibrás em “empresa de utilidade pública”, na prática passando o controle dela para o estado brasileiro.
Para o professor da Unicamp, “não basta apenas manter a Avibrás. Ela é importante e tem que ser preservada como uma empresa nacional”, mas ela precisa de investimento assim como todo o setor de defesa.
Barbieri Ferreira explicou que “o caso da Avibrás é importantíssimo, mas não é isolado. Ele é emblemático das deficiências da base industrial de defesa brasileira”.
Os gastos e investimentos na área de defesa têm caído ao longo das últimas décadas. O professor ressaltou a importância do Teto de Gastos e do Arcabouço Fiscal para essas restrições.
“O Brasil colocou uma restrição em que o teto de gastos afeta principalmente o investimento do governo”, afetando a base industrial de defesa, uma vez que é o estado nacional o principal comprador.
Com o Arcabouço, que substituiu o Teto de Gastos, “ainda existe uma limitação, o que é algo complicado’.
O investimento público, sublinhou, é “a variável chave” da economia de um país, pois é ele “que tem uma capacidade fundamental de movimentar a economia”.
“A variável macroeconômica chave é o investimento porque eu crio algo novo, uma infraestrutura nova, uma padaria nova, uma fábrica de aviões nova. Esse novo é riqueza nova que vai gerar empregos e pagar impostos”.
Ao mesmo tempo em que o Brasil diminui os investimentos, o resto dos países têm aumentado, dado um contexto geopolítico de crise hegemônica e de conflitos armados.
“Nesse mundo de incerteza, de crise de hegemonia e de conflitos reais, o mundo inteiro [está] se armando e o Brasil falou ‘não, nós vamos reduzir os gastos’”, ironizou.
Ah tá… faz o pix então para quem tá mais de ano sem ver salário…
Você acha que esse é o problema para que o Brasil tenha uma indústria de defesa própria? Se for, até que não é difícil de resolver – sem desnacionalizar a empresa.