Os argentinos começaram a semana com uma grande manifestação na segunda e greve geral na terça. Convocados pelas Centrais CTA dos Trabalhadores, CTA Autônoma e CGT, com o apoio das principais organizações sociais do país, a paralisação ocorre em repúdio ao arrocho imposto por Macri, para atender a ditames do FMI, o que segundo os dirigentes que encabeçam o movimento, levam o povo a passar fome.
A concentração que ocupou a Praça de Mayo, e lotou as avenidas que conduzem a ela (a 9 de Julho, as Diagonais Norte e Sul, e a Avenida Mayo) através de colunas que se formaram em diversos pontos de Buenos Aires.
Já na segunda, alguns setores reprogramaram as atividades, a exemplo da companhia de aviação, Aerolineas Argentinas, o que fez com que os voos de terça fossem antecipados para segunda. O metrô parou de funcionar a partir das 20 h do dia 24 e os professores que pararam por 48 horas desde a segunda. Aderiram ao movimento e já se organizavam para parar os caminhoneiros argentinos.
Também participando do ato na Praça Mayo, o secretário-geral da CTA T, Hugo Yasky, advertiu que “em nenhum país do mundo se sai da crise econômica sem geração de emprego, e as medidas para isso não interessam ao FMI, mas à manutenção da especulação financeira”.
Ao defender os motivos da paralisação, a que os dirigentes sindicais e de organizações sociais chamam de “medida de força”, o secretário da CGT denuncia que além do arrocho já em curso, “o orçamento que o governo quer aprovar, um pacote que vem direto do FMI, vai aprofundar os males que hoje temos na Argentina. O desemprego afeta 4 milhões de trabalhadores. Se acrescentarmos a estes os que trabalham em ocupações parciais, em outras palavras os que vivem de bico, essa cifra dobra. Resultado disso, é que há dois milhões que passam fome e destes 42% são crianças”.
O secretário-geral da CTA – Autônoma, Pablo Micheli, ironizou a conversa fiada de Macri: “a única coisa que escuto o presidente dizer é que quer acalmar os setores financeiros. Mas quem vai acalmar as pessoas? Quem acalma o clamor diante da falta de trabalho, diante da alta exorbitante das tarifas?”.
“Há outro caminho, há outro modelo para recuperar a indústria: parar as demissões, dar aumentos de emergência aos trabalhadores e aposentados. Nosso futuro não está na especulação e na jogatina; este é o futuro dos vagabundos que nos governam”, acrescentou Micheli.
Diante da repressão policial que, de início, visava impedir a travessia da ponte Puyerredón por uma das colunas de manifestantes que iriam lotar a Praça de Mayo, advertiu que o “executivo é responsável pelo que venha a acontecer nas ruas”.