“É preciso definir claramente o destino da renda da petroleira. Se ela vai para investimentos ou para pagar dividendos robustos a acionistas, sobretudo privados e internacionais”, manifestou Deyvid Bacelar, coordenador geral da entidade
A Federação Única dos Petroleiros (FUP) criticou o pagamento de dividendos bilionários pela direção da Petrobrás e defendeu que a renda da estatal deve ser usada para investimentos.
“É preciso definir claramente o destino da renda da petroleira. Se ela vai para investimentos ou para pagar dividendos robustos a acionistas, sobretudo privados e internacionais”, manifestou Deyvid Bacelar, coordenador geral da FUP, ao comentar os resultados operacionais e financeiros da Petrobrás do segundo trimestre de 2024, divulgados pela estatal na quinta-feira (8).
“Chama a atenção que, mesmo diante do prejuízo no segundo trimestre do ano, mantiveram os dividendos elevados e, para garantir o pagamento, lançaram mão de reservas estatutárias de remuneração de capital. Mais uma vez, a companhia garantiu robusta remuneração aos seus acionistas, um total de R$ 13,6 bilhões no segundo trimestre de 2024”, declarou o dirigente sindical.
Na última semana, o Conselho de Administração da Petrobrás divulgou que irá pagar R$ 13,57 bilhões em dividendos e juros sobre capital próprio aos acionistas da estatal, mesmo após a petroleira ter registrado um prejuízo de R$ 2,605 bilhões no segundo trimestre deste ano.
No acumulado do primeiro semestre deste ano, o montante pago em dividendos e juros sobre capital próprio pela estatal chega a R$ 27 bilhões, sendo quase 20 bilhões pagos aos acionistas privados da empresa, que na maioria são estrangeiros.
Bacelar alerta que houve uma redução entre 21,6% e 27,0% do volume de investimentos da Petrobrás para o ano de 2024., sobretudo em exploração e produção (E&P), diante da necessidade da exploração na Margem Equatorial, por exemplo.
“É necessário aumentar os investimentos em E&P para a exploração da Margem Equatorial, Bacia Leste, Bacia de Pelotas, entre outros. Precisamos de reposição de reservas, até porque a produção do pré-sal começa a cair a partir de 2030, segundo os especialistas”, observou o coordenador da FUP.
O pagamento de dividendos, destaca Bacelar, está “em mesmos patamares observados desde o segundo semestre de 2023, com Jean Paul Prates na presidência da companhia”, lembra. No primeiro semestre de 2023, a Petrobrás distribuiu R$ 20 bilhões em dividendos.