Jair Bolsonaro quer vender a ideia de que é contra tudo o que está aí. Isso não é verdade, como veremos trata-se de mera pose, aliada a certo marketing de impacto, para tentar confundir o eleitor. Ele diz que não entende nada de economia, razão pelo qual repassou a responsabilidade a Paulo Guedes, um banqueiro de má fama, sócio-fundador do BTG Pactual, o banco que mais cresceu sob os governos petistas, sem ter sequer uma agência de rua.
Os governos Lula-Meirelles, Dilma-Levy e Temer-Meirelles, através dos maiores juros reais do planeta, estabelecidos por estes mesmos governos, repassaram mais de R$ 4 trilhões em verbas públicas a banqueiros internacionais, principalmente norte-americanos, e, afora os fundos e rentistas, a bancos instalados no país, prioritariamente quatro, Itaú-Unibanco, Bradesco, Santander e o referido BTG Pactual.
Este mesmo BTG Pactual, que hoje paga pesquisas eleitorais, foi o maior sócio da empresa Sete Brasil, arapuca criada pelo PT e seus aliados com o único objetivo de fraudar a Petrobrás, através da intermediação da compra de sondas de petróleo, para angariar bilhões de reais em propinas. Um dos corruptos envolvidos, Pedro Barusco, operador do PT já condenado pela Lava Jato, devolveu sozinho à Justiça U$ 100 milhões roubados (R$ 409 milhões ao câmbio de hoje). Não por acaso, o BTG Pactual figurou como o maior contribuinte monetário da reeleição da presidente Rousseff.
É verdade que Paulo Guedes se desligou do BTG Pactual, mas só para fundar o Instituto Millennium, que defende os interesses de todos os bancos. Como banqueiro-economista de Bolsonaro, faz reunião atrás de reunião com os representantes de bancos e financeiras para vender o seu peixe. Levou o próprio Bolsonaro a um encontro com a direção do BTG Pactual para afinar suas propostas com as dos agiotas.
O plano de governo de Bolsonaro-Guedes, defensor do ajuste fiscal, das privatizações, da reforma da previdência, resume-se a vender a Pátria e esfolar o povo brasileiro para repassar tudo aos bancos. No que isso difere da prática dos governos do PSDB, do PT e do PMDB?
O governo FHC vendeu a Vale do Rio do Doce e as siderúrgicas estatais, mentindo que assim iria livrar o país da dívida pública, enquanto repassava o resultado em juros para a banqueirada e os rentistas, e a dívida só fez aumentar. O governo Lula-Meirelles manteve os leilões de poços de petróleo às múltis petroleiras, instituídos por FHC, e repassou R$ 1,247 trilhão aos bancos e rentistas. O governo Dilma entregou a maior bacia de petróleo do mundo, a do pré-sal de Libra, descoberta pela Petrobrás, para a Shell, Total e duas chinesas, além de privatizar e desnacionalizar aeroportos, hidroelétricas e portos, e repassou R$ 1,770 trilhão em juros para os amigos banqueiros e rentistas. O governo Temer, escancarada a porteira, continuou com a entrega do pré-sal às multinacionais e está batendo no R$ 1 trilhão em juros entregue aos bancos e rentistas. Tudo isso, aliado a outras medidas do gênero entreguista, botou o país na lona, quebrou a economia e fez o desemprego explodir.
Mas então, o que propõe Bolsonaro, algo diferente? Que nada!
O programa de governo, as falas do candidato e do seu banqueiro-economista mostram que Bolsonaro, apesar de toda gritaria e encenação, quer mesmo é continuar o que teve de ruim nos governos anteriores e ainda fazer muito pior, pois tem defendido vender todas as estatais e a Petrobrás completa ao capital estrangeiro, para repassar o resultado aos banqueiros através de juros. Na mesma linha suicida, Bolsonaro defendeu entregar a Amazônia às empresas norte-americanas e já bateu continência à bandeira dos Estados Unidos. Assim, não só contraria, mas agride o espírito patriótico e soberano da nacionalidade, a razão de ser das nossas Forças Armadas.
Ou seja, Bolsonaro e o programa de governo que defende chega a ser pior do que os piores traidores já fizeram contra o país, ombreando com Silvério do Reis.
SIDNEI SCHNEIDER