O “coach” Pablo Marçal (PRTB), candidato à Prefeitura de São Paulo, falou para o líder da quadrilha de fraudes bancárias que poderia realizar o disparo de e-mails para as vítimas, mostra processo pelo qual foi condenado a quatro anos e cinco meses de prisão.
Áudios obtidos pela investigação deixam claro a integração de Pablo Marçal na quadrilha e evidenciam seu conhecimento sobre os crimes que estavam sendo realizados.
A função de Marçal era “capturar” listas de e-mails de possíveis vítimas. Outros membros faziam o disparo de mensagens mentirosas sobre irregularidades no CPF, na declaração de Imposto de Renda e outros temas. O objetivo da quadrilha era que as vítimas passassem suas senhas.
Em uma gravação, Pablo Marçal se propôs a realizar o envio das mensagens. “Não tem jeito de eu enviar de lá [do escritório da quadrilha]? Eu mesmo pôr para enviar os que eu estou pegando?”, perguntou para o líder.
O chefe do grupo recusou a proposta e disse que Pablo Marçal devia continuar com seu trabalho de “capturar” os e-mails. O líder ainda reclamou que “aqueles e-mails que você capturou no primeiro dia não estavam bons”.
Em um primeiro momento, a defesa de Marçal era de que ele fazia apenas o conserto dos computadores. No entanto, a investigação comprovou que ele atuava na captura dos contatos.
Outro áudio mostra Pablo falando que estava “zipando” (compactando o arquivo) a lista de e-mails e que iria enviá-la para o líder da quadrilha. Ele ainda disse que dois computadores estavam sendo usados para a captura dos e-mails e outros dois estavam fazendo o envio de mensagens.
Há ainda gravações de Pablo Marçal pedindo a chave do escritório do líder da gangue, passando orientações de como os e-mails deviam ser capturados “sem problemas”, e como o atual candidato concordou.
O juiz que condenou Pablo Marçal a quatro anos e cinco meses de prisão – pena que nunca foi cumprida – ressaltou que os “conhecimentos” de Marçal sobre informática o permitiam “claramente compreender a perfeita dimensão do que ocorria, ainda mais com os programas maliciosos existentes nos computadores”.
Para o juiz, Pablo Marçal “dava suporte aos furtos perpetrados”, mas tinha uma função “de menor importância e secundária” dentro da quadrilha.
“Apesar da negativa de participação nos fatos delituosos, as próprias declarações de Pablo Henrique [Marçal] na polícia são discrepantes com a tese de inocência defendida”.
Isso porque, em depoimento, Marçal disse que o líder do grupo comentara que outro membro estava incumbido de produzir “programas invasores que simulariam páginas de instituições bancárias para com isso capturar dados de correntistas”.
Marçal começou a disputa eleitoral dizendo que nunca tinha sido condenado, mas agora, depois que o caso foi tornado público, tenta falar que foi enganado pela quadrilha da qual fazia parte.
O “coach” falou que “nunca toquei em nada de ninguém”, mas admitiu que recebia um salário da quadrilha para realizar seu trabalho.