“Empresa de ponta na produção de remédios contra o diabetes mostra a capacidade dos brasileiros”, disse o presidente. BNDES e FINEP entraram com o financiamento
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva acompanhou nesta sexta-feira, 23 de agosto, a inauguração da fábrica de polipeptídeo sintético da EMS, em Hortolândia (SP). Ele destacou a importância da indústria farmacêutica brasileira. “É gratificante participar da inauguração de uma coisa que ajudei a começar. Depois de 15 anos, volto aqui como presidente outra vez. Valeu a pena fazer investimento aqui porque vocês têm competência, dedicação e vão ajudar a salvar muita gente”, afirmou.
O empreendimento conta com tecnologia de ponta para produção das moléculas de liraglutida e semaglutida, destinadas ao tratamento de obesidade e diabetes, que serão comercializadas no país e no mundo. “A trajetória da excelência dessa farmacêutica é um dos paradigmas para o complexo econômico e industrial da saúde que estamos erguendo como um dos pilares da reindustrialização do Brasil”, acrescentou o presidente.
“A EMS produz medicamentos estratégicos para o SUS atender adultos e crianças. Isso inclui imunossupressores para transplantes hepáticos e renais e remédios para tratamento de esclerose múltipla, doença de Alzheimer e esquizofrenia. A trajetória da excelência dessa farmacêutica é também um dos paradigmas para o complexo econômico e industrial da saúde que estamos erguendo como um dos pilares da reindustrialização do Brasil”, pontuou Lula
“A expansão de uma empresa farmacêutica brasileira é uma demonstração daquilo que sempre reafirmo: a capacidade realizadora de nossos empresários e a qualidade da mão de obra brasileira, sempre elogiada em todo o mundo”, continuou.
Assista a solenidade
Foram investidos R$ 70 milhões. Do total, R$ 48 milhões vieram de financiamento com o BNDES. Os medicamentos a serem produzidos são os chamados peptídeos, análogos de GLP-1, que age semelhante ao hormônio natural. Isso possibilita a redução de efeitos colaterais para os pacientes, assim como dos custos.
Lula falou também da pandemia. “Não é que um presidente deveria entender de pandemia. Deveria entender de bom senso. Se eu não sei, eu convido quem sabe, monto um gabinete de crise e vamos fazer o que tem ser feito. Não vamos ficar brigando de inventar remédio, de produzir o que não sabe, de envolver as Forças Armadas para produzir remédio que não servia para nada. Quantas pessoas morreram tomando remédios imprestáveis? Quantas?”, questionou, afirmando em seguida que “um dia a história vai julgar” o que ocorreu durante a pandemia no governo passado.
“O Brasil não é o maior país do mundo, mas aqui foi o país onde mais morreu gente pela Covid, mais de 700 mil pessoas. E eu posso dizer para vocês que destas, pelo menos metade o governo tem responsabilidade, pelo descaso com o tratamento da doença e até pela qualidade dos ministros da Saúde que ele indicava. Ele tinha um ministro aí que era general que era visível, quando ele falava na televisão, que ele não entendia o que estava falando. Por falta de sensibilidade, esse país sofreu muito, e nós não vamos permitir mais que isso aconteça. Esse país será do tamanho da qualidade do pensamento e do tamanho do sonho que a sociedade brasileira tiver”, concluiu.
A empresa exporta seus produtos para 56 países e tornou-se uma grande parceira das políticas do Governo Federal, de acordo com o presidente. , que recebeu durante o evento um desenho de alunos de uma escola da região. O vice-presidente, Geraldo Alckmin, exaltou a importância da iniciativa. “Essa é uma fábrica que gera empregos. São quase 10 mil colaboradores, na vanguarda da inovação, com novos produtos que vão revolucionar a ciência e a medicina. Mas é, especialmente, uma fábrica que salva vidas”, declarou Alckmin.
A ministra da Saúde, Nísia Trindade, afirmou que a cerimônia marcou o “lançamento do primeiro medicamento produzido no país para tratamento de diabetes e obesidade de forma inovadora, utilizando peptídeos”. Ela indicou que a pasta trabalha junto à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para que haja a aceleração da análise para liberação de medicamentos estratégicos para o país, como a liraglutida.
A ministra de Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos, afirmou que seu ministério firmou o compromisso de destinar R$ 577 milhões para três projetos com a Bionovis e a EMS.
“Dois desses projetos são créditos e um deles é subvenção econômica, para biofármacos e para anticorpos monoclonais”, explicou. “Nós vamos garantir um fluxo contínuo de investimentos. E vamos garantir que esses investimentos tenham perenidade e que se tornem, cada vez mais, política de Estado”, completou a ministra.
O presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, destacou que o banco aumentou em 84% as aprovações de crédito no primeiro semestre deste ano. “Comparando com o primeiro semestre de 2022, na indústria, nós aumentamos 157%; e na agricultura, 204%. E no caso da saúde, estamos batendo recorde histórico de financiamento. O BNDES já aprovou R$ 4 bilhões e nós vamos fechar este ano com um mínimo de R$ 5,5 bilhões”, declarou.
A Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) também apoia projetos da indústria da saúde. O presidente da Finep, Celso Pansera, lembrou que há menos de um ano recebeu uma equipe da EMS, que apresentou um plano de negócios de R$ 5 bilhões da empresa e solicitação de financiamento.
“Desse plano de negócio, eles já apresentaram quatro projetos para a Finep. Desses quatro projetos, há uma nova planta de R$ 458 milhões. Nós já aprovamos R$ 400 milhões, assinamos o contrato. E, na semana passada, liberamos a primeira parcela de R$ 122 milhões”, afirmou. A Finep também liberou R$ 5 milhões para um projeto de subvenção econômica da EMS.
A inauguração de uma nova fábrica pelo presidente Lula, com a exaltação da retomada da indústria farmacêutica do país, é um sinal positivo para o fortalecimento do setor industrial brasileiro. A revitalização da indústria farmacêutica é crucial para reduzir a dependência de importações de medicamentos e insumos, algo que ficou evidente durante a pandemia.
Essa iniciativa não apenas promove a autossuficiência do Brasil em saúde, mas também pode gerar empregos qualificados, estimular a pesquisa e a inovação, e impulsionar a economia de forma sustentável. Ao investir na produção local, o país se posiciona de maneira mais estratégica no cenário global, com capacidade para atender tanto o mercado interno quanto para exportar.
Entretanto, para que essa retomada seja verdadeiramente efetiva, é necessário garantir que a expansão da indústria farmacêutica seja acompanhada de políticas públicas que incentivem a inovação e o desenvolvimento de tecnologias de ponta. Além disso, o acesso aos medicamentos produzidos deve ser uma prioridade, assegurando que os benefícios dessa indústria cheguem à população de forma ampla e equitativa.
Em resumo, a retomada da indústria farmacêutica nacional é um passo essencial para a soberania e o desenvolvimento do Brasil, desde que seja guiada por princípios de inclusão, sustentabilidade e inovação.