Já a Argentina de Milei e o Chile de Boric se juntaram aos EUA e UE na intromissão indevida e golpista nos assuntos do país vizinho. CNE tem 30 dias para tornar públicas as atas eleitorais. Brasil e Colômbia afirmam que vão esperar
Os “bolsonaristas” venezuelanos insistem em não reconhecer a autoridade do TSE do país (CNE) e nem o Supremo do país vizinho (TSJ) que deram a palavra final nas eleições de 28 de julho. Após patrocinarem um gigantesco ataque cibernético no país para impedir a divulgação dos resultados, grupos fascistas da oposição praticaram atos de sabotagem e terrorismo que levaram à morte de dezenas de pessoas no país.
O plano era retardar a divulgação dos resultados – numa eleição que teve 10 candidatos a presidente e 38 partidos políticos – para tentar um golpe de Estado apoiado pelos EUA durante o caos. Criado o tumulto, o candidato apoiado pelos EUA, Edmundo Gonzalez Urrutia – ligado à Cia – declarou que a eleição tinha sido fraudada e que ele teria vencido o pleito. Não conseguiu provar o que alegava, mas, mesmo assim, os EUA e seus satélites insistiram na versão de que ele teria vencido o pleito.
A Casa Branca reconheceu de imediato o “seu” candidato, Edmundo Gonzalez, como vitorioso e arrastou alguns países latino americanos nesta mesma direção. A Argentina de Milei e o Chile de Boric apoiaram a conduta intervencionista do governo americano, da União Europeia, da Ucrânia e de Israel. Brasil, Colômbia e México foram em outra direção. Mais de 50 países, entre eles, Rússia e China, já reconheceram a vitória de Maduro.
No dia 29 de julho, um dia após as eleições, o órgão eleitoral (CNE) declarou vitorioso o atual presidente Nicolás Maduro e entregou as atas Suprema Corte do país para análise. A Justiça confirmou, depois de uma perícia detalhada das atas entregues pelo CNE, a vitória do presidente Nicolás Maduro nas eleições presidenciais. O CNE tem um prazo legal de 30 dias para tornar públicas as atas eleitorais. Os governos dos EUA, da Argentina e do Chile não reconheceram a decisão da Justiça da Venezuela.
Por outro lado, os governos do Brasil e da Colômbia divulgaram nota neste sábado (24) registrando que “tomaram nota da decisão do Tribunal Supremo de Justiça (TSJ) da Venezuela sobre o processo eleitoral”, mas reiteraram que “continuam a aguardar a divulgação, pelo CNE, das atas desagregadas por seção de votação”. O presidente Lula e Gustavo Petro seguem não reconhecendo resultado eleitoral na Venezuela e disseram que estão aguardando a divulgação das atas eleitorais.
Na nota conjunta, os dois países “manifestam também sua total oposição à continuada aplicação de sanções unilaterais como instrumento de pressão. Compartilham o entendimento de que sanções unilaterais são contrárias ao direito internacional e prejudicam a população dos países sancionados, em especial as camadas mais vulneráveis”. O presidente Joe Biden anunciou que voltará a pressionar Lula para não reconhecer a Justiça venezuelana.
Confira abaixo a posição de Brasil e Colômbia:
DECLARAÇÃO CONJUNTA DE BRASIL E COLÔMBIA
Os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Gustavo Petro mantiveram ontem e hoje (23 e 24/8) conversas telefônicas sobre a questão das eleições presidenciais na Venezuela.
Ambos os presidentes permanecem convencidos de que a credibilidade do processo eleitoral somente poderá ser restabelecida mediante a publicação transparente dos dados desagregados por seção eleitoral e verificáveis.
A normalização política da Venezuela requer o reconhecimento de que não existe uma alternativa duradoura ao diálogo pacífico e à convivência democrática na diversidade.
Os dois presidentes conclamam todos os envolvidos a evitar recorrer a atos de violência e à repressão.
Como países vizinhos diretamente interessados na estabilidade da Venezuela e da região, e testemunhas dos Acordos de Barbados, Brasil e Colômbia mantêm abertos seus canais de comunicação com as partes e reiteram sua disposição de facilitar o entendimento entre elas.
Brasil e Colômbia tomam nota da decisão do Tribunal Supremo de Justiça (TSJ) da Venezuela sobre o processo eleitoral. Reiteram que continuam a aguardar a divulgação, pelo CNE, das atas desagregadas por seção de votação. E relembram os compromissos assumidos pelo governo e pela oposição mediante a assinatura dos Acordos de Barbados, cujo espírito de transparência deve ser respeitado.
Manifestam também sua total oposição à continuada aplicação de sanções unilaterais como instrumento de pressão. Compartilham o entendimento de que sanções unilaterais são contrárias ao direito internacional e prejudicam a população dos países sancionados, em especial as camadas mais vulneráveis.