Diretor de Política Monetária do Banco Central vai substituir Campos Neto
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou nesta quarta-feira (28) a indicação de Gabriel Galípolo à presidência do Banco Central (BC). Galípolo é diretor de Política Monetária do BC e foi secretário-executivo do Ministério da Fazenda, segundo posto da pasta, antes de assumir o cargo.
“Hoje, o presidente Lula está encaminhando o indicado dele para a presidência do BC, que vem a ser o Gabriel Galípolo”, disse Haddad em comunicado no Palácio do Planalto, ao lado de Galípolo. “Agora vamos trabalhar os três nomes que irão compor a diretoria até o fim do ano”.
Após a indicação, Gabriel Galípolo será sabatinado pela Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado Federal e cabe ao Plenário aprovar sua indicação. Ele assume após o fim do mandato do atual presidente do BC, Roberto Campos Neto, que se encerra em 31 de dezembro deste ano.
Segundo informações do Valor Econômico, o economista Gabriel Galípolo (42 anos), formado pela PUC-SP, trabalhou no governo José Serra em São Paulo em 2007, na Secretaria e Transporte e nos projetos de concessões. Em 2017, assumiu a presidência do Banco Fator por quatro anos. Participou de processos de fusões e aquisições, como, por exemplo, da privatização da Companhia Energética de São Paulo (Cesp) em 2018.
Em 2022, foi conselheiro da Fiesp e pesquisador sênior do Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri). Durante a campanha de Haddad ao governo de São Paulo participou de reuniões sobre propostas para o Estado de São Paulo.
Galípolo declarou, ao lado de Haddad, que a indicação “é uma honra, um prazer, uma responsabilidade imensa”.
A confirmação do nome de Gabriel Galípolo para a presidência do Banco Central foi comemorada pelo sistema financeiro, que vem apoiando suas recentes manifestações em relação ao arrocho monetário imposto pelo bolsonarista Campos Neto à frente do BC, como a “coesão” na diretoria do Comitê de Política Monetária na manutenção da taxa Selic nas alturas, que ocorreu nas duas últimas reuniões, e a possibilidade de um novo aumento na taxa na próxima reunião em setembro para barrar qualquer “aquecimento” na economia.
“Talvez em algum momento, quando se colocou o cenário alternativo (…), foi lido como retirar da mesa a possibilidade de alta. E isso não é a realidade do diagnóstico do Copom. A alta está na mesa, sim, do Copom”, afirmou Galípolo, no Warren Day, evento realizado este mês de agosto em São Paulo. Não foi à toa que Campos Neto disse na semana passada que a posição de manter os juros altos estava consolidada na diretoria do BC.
“A gente pega alguns indicadores de inflação, de produtos que não podem ser importados, para olhar o quanto isso pode ser um termômetro de quanto a atividade econômica está aquecida e pressionando salários e preços”, declarou Galípolo esta semana no Piauí, destacando que não acredita em “grandes rupturas” na atual política monetária, que mantém o Brasil com um dos maiores juros reais do planeta.
Além de Campos Neto, deixam a diretoria do BC, Otávio Damaso e Carolina de Assis, diretores de Regulação e de Relacionamento, Cidadania e Supervisão de Conduta.