O miliciano Ronnie Lessa, assassino confesso da vereadora Marielle Franco (Psol-RJ), afirmou em depoimento ao Supremo Tribunal Federal (STF), nesta quinta-feira (29), ter monitorado a filha do ex-deputado federal Marcelo Freixo (PT), Isadora Freixo, e o deputado federal Chico Alencar (PSOL-RJ).
Segundo Lessa, em seu depoimento, o plano era atingir o PSOL, primeiramente Freixo, enquanto ele ainda era filiado ao partido. Marielle, na verdade, se tornou alvo depois de se mostrar uma “pedra no caminho” e por ser um alvo mais fácil devido ao grau de exposição em relação a Freixo.
Lessa deu a declaração ao ser questionado por Márcio Gesteira, advogado do conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro (TCE-RJ) Domingos Brazão, acusado de ser mandante do crime, a respeito dos levantamentos que lhe foram pedidos sobre integrantes do partido que seriam alvo da ação criminosa.
O ex-PM disse não se lembrar se havia feito buscas sobre o deputado federal e candidato a prefeito do Rio Tarcísio Motta (Psol-RJ). As pesquisas seriam levantamentos de dados pessoais, como o endereço residencial.
Sobre o ex-vereador Renato Cinco, disse que “nunca foi dito para matar, mas sempre pediam levantamentos” sobre ele. Lessa teria pesquisado também, segundo relatório do Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ) citado pelo advogado, as frases “morte ao Psol” e “morte ao Marcelo Freixo”.
Segundo um relatório da PF, Freixo, quando era deputado estadual pelo Psol, mostrou a atuação do sargento reformado da Polícia Militar Edimilson Oliveira da Silva, conhecido como Macalé, em milícia na área de influência política dos irmãos Brazão.
“No final de 2016, ele [Macalé] me fala que tínhamos uma empreitada que ficaríamos milionários. No início de 2017, ele me trouxe a novidade: Marcelo Freixo”, afirmou Lessa.
Macalé teria sido o responsável por intermediar o assassinato da vereadora com Ronnie Lessa. O sargento também teria participado de “todas” as vigilâncias de Marielle feitas pelos envolvidos no crime. Macalé foi morto a tiros em 2021 na Avenida Santa Cruz, em Bangu, na zona oeste do Rio.