No debate da TV Gazeta e portal My News realizado neste domingo, 1º, o quarto entre candidatos à Prefeitura da cidade de São Paulo, Guilherme Boulos (PSOL) denunciou a ligação de Ricardo Nunes (MDB) com máfia das creches e o passado criminoso do intitulado coach, Pablo Marçal (PRTB).
Ao fazer sua pergunta para o candidato do PSOL, Nunes trocou o nome de Boulos por “invasor” e explorou o caso da ocupação Nova Palestina, na zona sul da capital, promovida pelo Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), que era coordenador pelo deputado. “Ele [Boulos] cometeu essa invasão, invasão de propriedade privada como a Nova Palestina. Arrancou as árvores”, disse Nunes.
Boulos reagiu: “Eu vou responder aqui para o ladrãozinho de creche dizendo que a única coisa que a gente vai invadir é o coração do povo de São Paulo”, referindo-se à investigação da Polícia Federal (PF) sobre o envolvimento de Nunes na “máfia das creches”.
A Polícia Federal solicitou há uma semana a continuidade da investigação de um esquema de desvio de verbas de creches em São Paulo, a “máfia das creches”, com a provável participação de Nunes. O esquema de desvio de verbas em creches administradas por organizações sociais em São Paulo teria movimentado, ao todo, aproximadamente R$ 1,5 bilhão entre 2016 e 2020.
“Você traiu o Bruno Covas várias outras vezes, como ao se aliar com o Bolsonaro”, disse o candidato do PSOL ao destacar o “triângulo amoroso” entre Nunes, Jair Bolsonaro e Pablo Marçal. Jair Bolsonaro oficialmente apoia Nunes, mas voltou a fazer acenos ao ex-coach depois de Marçal crescer nas pesquisas eleitorais.
PRIVATIZAÇÃO DA SABESP
Boulos criticou a privatização da Sabesp e relembrou os problemas da Enel, concessionária de energia elétrica, para criticar a privatização da Sabesp.
Disse que a privatização da Sabesp fará dela a “Enel da água”.
O candidato do PSOL afirmou, ainda, que pode reverter privatizações de cemitérios feitas pela gestão Nunes, que ele chamou de “indústria da morte”. “Criou-se uma indústria de morte. Eu vou reverter esse tipo de coisa”, disse.
Nunes respondeu que Boulos “não vai responder nada” porque não será eleito prefeito.
MARÇAL, BANDIDO CONDENADO
Boulos também denunciou os crimes de Marçal. O influenciador voltou a insinuar que o deputado do PSOL faz uso de drogas ilícitas. Na resposta, Boulos afirmou que Marçal é um “bandido condenado” e disse que o adversário faz uso de um processo contra outra pessoa, também chamada Guilherme Boulos, para “mentir” sobre o uso de drogas.
Marçal seguiu como alvo na pergunta seguinte feita pelo candidato à reeleição Ricardo Nunes, que o apelidou de “Pablito”. O prefeito citou uma reportagem do UOL que revelou áudios que mostram a suposta participação do influenciador em um esquema de fraudes bancárias.
A investigação da Polícia Federal apontou que Marçal integrava um grupo de pessoas que disparava e-mails com assuntos chamativos como a promessa de adesão a programas sociais do governo e conteúdos pornográficos para atrair vítimas e roubar senhas bancárias.
O ex-coach chegou a ficar preso temporariamente por dois dias no curso do inquérito em 2005 e foi condenado, mas a pena foi prescrita.
Nunes sugeriu que Marçal não teria condições de lidar com temas de segurança pública por conta de seu histórico. E foi chamado pelo influenciador de “bananinha”, que citou a investigação da “máfia das creches” contra o prefeito e ameaçou Nunes de prisão, caso ele não seja reeleito e Marçal ganhe as eleições.
MALDADE CONTRA A JUVENTUDE
Tabata questionou Nunes sobre a queda de alfabetização em São Paulo. “De cada três alunos, dois estão chegando no segundo ano sem saber ler e escrever. Como explica tamanha maldade? Como explica São Paulo ter caído tanto em educação?”, provocou a candidata do PSB.
Na resposta, Nunes argumentou que zerou a fila das creches.
Ainda no primeiro bloco, Nunes teve dois direitos de resposta contra posições de Marçal. “Hoje cai a máscara do Pablo Marçal. Cara condenado por roubar dinheiro das pessoas aposentadas”, resumiu Nunes.
Boulos e Datena também chamaram atenção para a fila do Sistema Único de Saúde (SUS), com acusações sobre a atual gestão na área. Em seguida, Datena e Tabata entraram no assunto da segurança pública para apontar críticas a Marçal.
“Estou entrando com uma ação na justiça eleitoral, mostrando como o Pablo, com financiamento ilegal e uso abusivo econômico, conseguiu tantos seguidores. Suspeitas de caixa dois e lavagem de dinheiro têm tudo a ver com o crime organizado. A quem interessa a candidatura de Pablo?”, argumentou Tabata.
SEGUNDO BLOCO
No segundo bloco, os candidatos responderam perguntas de jornalistas.
Na primeira pergunta, Marçal foi questionado sobre o seu posicionamento na eleição e a falta de apresentação de propostas. O ex-coach não respondeu a pergunta, e atacou o jornalista Josias de Souza e os demais adversários.
Foi neste momento que Boulos foi questionado sobre a privatização da Sabesp, concessões e parcerias público-privadas e criticou o processo e disse que Nunes aceitou assinar com a empresa, agora privada, em troca de apoio político.
Tabata foi questionada sobre propostas em relação à segurança pública e à situação da Cracolândia. A deputada prometeu trabalho coordenado com o governo de estado e disse que Marçal,ligado ao PCC, não poderá lidar com esses problemas.
TERCEIRO BLOCO
O terceiro bloco, em que sete temas da cidade foram sorteados para perguntas e respostas dos candidatos.
O influenciador foi sorteado para falar sobre educação, tema no qual prometeu educação financeira e emocional, e disse que transformará a escola pública em “escola olimpíada”. “Porque o esporte molda caráter”, disse o candidato do PRTB, atacando o adversário do PSOL com comentários gordofóbicos: “Olha o Boulos e vê como ele está inflamado”.
Datena aproveitou o tema para voltar a criticar a gestão de Nunes na educação. Acusou o prefeito de ter cumprido apenas 7% da meta nacional de construção de escolas integrais e prometeu melhorias nas creches e alfabetização das crianças até seus 8 anos.
A briga começou na réplica de Marçal, quando o candidato repetiu que Datena seria um “fujão” por ter se ausentado no debate da Veja e ser um candidato do “TP”, pouco interessado na corrida eleitoral.
Em sua resposta, Datena subiu o tom e acusou o influenciador de ter ligado para ele um dia antes do debate na Band, no dia 8 de agosto, para combinar um ataque contra Nunes e Boulos. O tucano disse que não aceitou fazer parte do esquema de Marçal, mas seguiria em conversa com ele.
Sem tempo de resposta, o ex-coach pediu direito de resposta e ficou retrucando Datena. O apresentador saiu do púlpito em direção a Marçal e foi advertido pela produção. O candidato do PRTB por sua vez perdeu o direito de respostas por provocar Datena, chamando-a para briga.
Participaram do debate os cinco primeiros colocados nas pesquisas de intenção de voto: Guilherme Boulos (PSol), Ricardo Nunes (MDB), Pablo Marçal (PRTB), José Luiz Datena (PSDB) e Tabata Amaral (PSB).
Segundo a última pesquisa Quaest, divulgada em 28 de agosto, Guilherme Boulos aparece com 22% das intenções de voto, seguido por Ricardo Nunes e Pablo Marçal, com 19% cada um. O apresentador José Luiz Datena (PSDB) atinge 12% e a deputada federal Tabata Amaral (PSB) soma 8%. Já a economista Marina Helena (Novo), que não participa do debate, tem 3%.