Grupo financeiro consultado pelo BC (Focus) para definir juros defende aumento da Selic para 11,25% até o final do ano. Objetivo é travar qualquer lampejo de crescimento da economia e manter seus lucros às custas do Orçamento público
Os bancos e instituições financeiras subiram a previsão da taxa básica de juros (Selic) para o fim deste ano, de 10,5% para 11,25%, segundo o Boletim Focus do Banco Central (BC), divulgado nesta segunda-feira (9). A pressão pelo aumento dos juros ocorre a uma semana da reunião do Comitê de Política do Banco Central (Copom) do BC, que irá definir o nível da taxa nominal.
Segundo o Boletim Focus, relatório do Banco Central divulgado após consultar cerca de 100 instituições financeiras, é de que já na próxima reunião do Copom (17 e 18 de setembro) a taxa Selic suba dos atuais 10,50% para 10,75% ao ano, primeiro aumento da taxa de juros desde agosto de 2022, época em que o nível da Selic chegou a 13,75%.
As instituições financeiras também elevaram as expectativas de inflação deste ano, de 4,26% para 4,30% – sendo a oitava semana seguida de aumento da estimativa.
Para garantir seus ganhos astronômicos, às custas do Orçamento público, o “mercado” financeiro aumentou a pressão pelo aumento da Selic após a decisão do Copom de interromper, em junho deste ano, o ciclo de cortes minguados na taxa Selic – que foi iniciado tardiamente em agosto de 2023. De lá até março deste ano, foram seis cortes pingados de 0,5 ponto e um corte de 0,25 p.p, a cada reunião realizada pelo colegiado. Em seguida, o Copom decidiu manter a taxa Selic estagnada em 10,5% nos dois encontros do colegiado subsequente – todas decisões unânimes, isto é, com o apoio dos diretores indicados pelo governo Lula.
Na última reunião do Copom, além de afirmar em ata que iria manter os juros altos “por um tempo suficientemente longo“, também “reforçou que não hesitará em elevar a taxa de juros”.
A orquestração pelo aumento dos juros aumentou após o resultado do PIB do primeiro trimestre, que cresceu 1,4%. Para os diretores do BC qualquer lampejo de crescimento econômico deve ser contido a pretexto de assegurar que a inflação fique dentro do centro da meta, que é de 3%, com tolerância de 1,5 ponto para cima – uma ação injustificável que põe travas à urgente necessidade da elevação dos investimentos públicos e privados no Brasil, que possam tirar o país da estagnação econômica que entrou na última década.
Engajado nesta linha de que se a economia “aquecer” os juros devem subir, o diretor de Política Monetária do Banco Central, Gabriel Galípolo, defende que o BC não deve se constranger em ir contra a vontade de empresários e trabalhadores, que clamam por mudanças na atual política monetária que permita o avanço dos investimentos no país.
Segundo Galípolo, ter que subir juros é situação cotidiana para quem está no BC”, disse o economista alguns dias antes de ter seu nome indicado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para presidência do BC, em meados de agosto. “Posição difícil para o BC não é subir juros, mas a inflação fora da meta”, também declarou.