IPCA foi de -0,02% em agosto e desacelerou para 4,24% em 12 meses, derrubando as “estimativas” dos rentistas
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) registrou deflação em agosto deste ano, ao variar em queda de –0,02% no mês. Conforme os dados divulgados nesta terça-feira (10) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o resultado é 0,40 ponto percentual (p.p) abaixo da taxa de julho (0,38%). Em agosto de 2023, o IPCA foi de 0,23%.
Em oito meses deste ano, o IPCA – inflação oficial do país – acumula uma alta de 2,85%, um resultado bem abaixo dos 3,23% observados para o mesmo intervalo de tempo de 2023. Em 12 meses, a alta é de 4,24%, sendo também abaixo dos 4,50% verificado nos 12 meses imediatamente anteriores.
O resultado do IPCA – que novamente sinaliza que a inflação segue baixa e controlada no Brasil – antecede a reunião do Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom), que será realizada na próxima semana, com o fim de definir o nível da taxa básica de juros (Selic), hoje em 10,50% ao ano.
Nos últimos meses, os bancos e instituições financeiras vêm subindo as expectativas de inflação e da taxa básica de juros (Selic), pressionando o Copom a aumentar os juros no Brasil – que segue entre as economias com as maiores taxas de juros reais do planeta (quando descontado a inflação), travando os investimentos e o consumo das famílias.
Para Selic, a mediana das projeções do mercado aponta para que a taxa subirá de 10,5% para 11,25% até o final deste ano, segundo o Boletim Focus do BC, divulgado ontem (9). Já para inflação, a previsão subiu de 4,26% para 4,30% – sendo a oitava semana seguida de aumento da estimativa.
Os bancos, rentistas e demais especuladores financeiros esperam que o Copom eleve a taxa base em no mínimo 0,25 p.p na próxima semana. Tal aumento garantiria, na prática, a continuidade do avanço de seus ganhos (já astronômicos) com o pagamento dos juros da dívida pública – que chega a mais de R$ 870 bilhões, em 12 meses até julho.
ALIMENTOS E HABITAÇÃO PUXAM QUEDA
A deflação no mês de agosto foi puxada pelo recuo dos preços dos alimentos (-0,44%) e da Habitação (-0,51%), que juntos representam 36,53% do índice geral.
Também houve a redução nos preços de vestuários -0,02 e não houve aumento nos preços de Transportes (que saiu de 1,82, em julho, para 0,00%, em agosto). No lado das altas, o maior impacto veio da Educação (alta de 0,73%).
O Índice de inflação de Serviços também desacelerou em agosto, ao registrar alta de 0,24% no mês, o que é menor do que os 0,75% observados em julho, na esteira das quedas dos preços das passagens aéreas (-4,93%, após alta de 19,39% em julho) e de itens como o pacote turístico (-1,34%), aluguel de veículo (-6,40%), por exemplo.
O aumento dos preços de serviços é uma usual justificativa do BC para o aumento dos juros, além do mercado de trabalho aquecido, descontrole das contas públicas, incerteza do mercado externo, etc.
Principais resultados do IPCA de agosto, por grupos:
- Alimentação e bebidas: -0,44%;
- Habitação: -0,51%;
- Artigos de residência: 0,74%;
- Vestuário: 0,39%;
- Transportes: 0,00%;
- Saúde e cuidados pessoais: 0,25%;
- Despesas pessoais: 0,25%;
- Educação: 0,73%;
- Comunicação: 0,10%.