Após três meses de resultados positivos, maior e mais diversificado parque industrial do país recua e derruba resultado nacional
A produção industrial paulista caiu 1,8% em julho em relação a junho, interrompendo três meses consecutivos de taxas positivas, período em que acumulou avanço de 4,1%, segundo divulgou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), nesta sexta-feira (13).
“A queda de 1,8%, acima da média nacional, acabou eliminando parte do crescimento acumulado no período”, avaliou Bernardo Almeida, responsável pela pesquisa Industrial Mensal Regional (PIM Regional).
Almeida ressalta que o recuo de 1,4% na produção em julho está concentrado nas atividades com maior peso dentro da amostra nacional. Houve quedas nos setores de produtos derivados de petróleo, no setor extrativo e de alimentos. O resultado de São Paulo, que responde por cerca de 33% da produção nacional e é o parque industrial mais diversificado do país, teve maior influência no resultado total do setor.
De acordo com a pesquisa, dos 15 locais pesquisados, três tiveram recuos na produção. Além de São Paulo, registraram quedas os estados do Pará (-3,8%) e da Bahia (-2,3%).
“Observamos a indústria nacional caminhando num ritmo aquém da sua capacidade operacional”, diz Bernardo Almeida, ressaltando que há um crescimento no ritmo de produção, mas, por outro lado, a indústria caminha de “forma moderada”. “No lado da demanda, observa-se a taxa de juros em patamares elevados impactando na renda disponível e no consumo das famílias. No lado da oferta, os juros encarecem o crédito e inibem a tomada de decisão de investimentos”.
“Por um lado, temos uma melhora no mercado de trabalho e, por outro, temos a taxa de juros refreando os efeitos desse fator positivo. Isso explica esse quadro oscilante no comportamento da indústria”, observa Almeida.
No acumulado do ano, São Paulo apresenta expansão de 4,7% e, em 12 meses, 2,5%. Com o resultado de julho, a indústria paulista está 2,2% acima do patamar pré-pandemia (fevereiro de 2020).