“Hoje, o Brasil tem a terceira maior taxa real de juros do mundo: Turquia, Rússia, que está em guerra, e o Brasil. Não tem o menor sentido isso”, criticou o presidente em exercício
O presidente em exercício e ministro da Indústria, Geraldo Alckmin, afirmou que “não tem nada pior” para as contas do governo federal do que o aumento dos juros que foi feito pelo Banco Central. O desenvolvimento industrial do país também é “enormemente” prejudicado, avaliou.
O Comitê de Política Monetária (Copom) do BC decidiu aumentar em 0,25 ponto a taxa básica de juros (Selic), passando para 10,75% ao ano.
Geraldo Alckmin, que já foi governador de São Paulo, explicou que o aumento de um ponto na Selic aumenta em R$ 48 bilhões os gastos do governo co juros.
“Não tem nada pior para a questão fiscal do que esse aumento da Selic. Essa, sim, é uma preocupação”, disse o vice-presidente. “Não é possível ter uma política monetária nesse patamar”, continuou.
O Copom disse em sua ata que tem “preocupações com a sustentabilidade fiscal” do país, isto é, com as contas públicas. Somente em 2023, o país gastou R$ 718 bilhões com juros.
“Hoje, o Brasil tem a terceira maior taxa real de juros do mundo: Turquia, Rússia, que está em guerra, e o Brasil. O País tem US$ 360 bilhões em reservas; no ano passado, o saldo da balança comercial foi de quase US$ 100 bilhões. Não tem o menor sentido isso”, criticou Alckmin.
“Quem precisa de financiamento, de crédito, fica com o problema. E quem tem recurso para investir, também não investe”, acrescentou.
A Confederação Nacional da Indústria (CNI) comentou que a alta na Selic “não só vai impor custos mais altos à produção como também é desnecessária, entendendo que a inflação, que está controlada e todos os cenários indicam que assim ela permanecerá”.
“É difícil entender como o Brasil vai competir globalmente se segue mantendo travas ao crescimento internamente. Na prática, com esse aumento, pegar crédito fica mais caro, porque os bancos emprestam dinheiro por uma taxa maior”, apontou a gerente de conteúdo multimídia da CNI, Ariadne Sakkis.