No país, 7,3 milhões estão sem emprego
A taxa de desemprego no Brasil ficou em 6,6% no trimestre encerrado em agosto, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), ao divulgar nesta sexta-feira (27) os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua. O resultado corresponde a uma queda de 0,5 ponto percentual (p.p.) ante ao trimestre de março a maio e recuo de 1,2 p.p. em comparação com mesmo trimestre móvel de 2023.
Esse é o menor nível da taxa de desemprego para o mês de agosto em toda a série histórica da pesquisa, iniciada em 2012. Mas apesar do resultado, ainda existem 7,3 milhões de brasileiros em busca de uma vaga de emprego no país. Além de uma taxa de subutilização da força de trabalho de 16,0% do total de pessoas com algum tipo de ocupação no país (102,5 milhões) ou 18,5 milhões de subutilizados – número que reúne a soma de desempregados, os subocupados com menos de 40 horas semanais e os que estão disponíveis para trabalhar, mas não conseguem procurar emprego por motivos diversos, ou desistiram de procurar emprego por não encontrar.
O mercado de trabalho brasileiro também conta com um nível de trabalhadores na informalidade do trabalho, que ao todo chega a 38,8% da população ocupada, ou 39,8 milhões de pessoas vivendo em grande parte dos famigerados “bicos” para sobreviver.
Na semana passada, o Banco Central (BC) decidiu retomar o aumento do nível da taxa básica de juros da economia (Selic), subiu de 10,5% para 10,75%, seguindo o terrorismo do mercado financeiro, de que os números “robustos” da atividade econômica e do “mercado de trabalho forte” levarão para um futuro quadro de aumento dos preços no país.
Sob os protestos da indústria, comércio e serviços, além de economistas e partidos políticos contrários a elevação dos juros, e ignorando a realidade de que a inflação está baixa e controlada no Brasil, conforme tem demonstrado o IPCA (indicador de inflação oficial), o BC prometeu em sua última reunião que vai elevar ainda mais a Selic nos próximos meses. Juros altos inibem a demanda de bens de consumo e serviços, além dos investimentos no país – uma ação injustificável, que vai aumentar ainda mais os ganhos já extraordinários dos bancos e fundos especulativos com o pagamento dos juros da dívida pública, que em 12 meses até julho deste ano, chegou a R$ 869,8 bilhões (7,73% do PIB).
Principais resultados da PNAD
No trimestre encerrado em agosto, a população ocupada chegou, ao todo, a 102,5 milhões de pessoas, renovando o recorde da série histórica da PNAD. Já o nível de ocupação (percentual de pessoas ocupadas na população em idade de trabalhar) ficou em 58,1%, sendo o maior nível de ocupação para um trimestre encerrado em agosto desde 2013.
A melhora nos indicadores do mercado de trabalho segue sendo puxada pelo número de empregados no setor privado, que atingiu novo recorde ao chegar a 52,9 milhões no trimestre terminado em agosto (alta de 1,7% ou mais 882 mil pessoas frente ao trimestre anterior), com o avanço do número de empregados com carteira de trabalho (exclusive trabalhadores domésticos), que chegou a 38,6 milhões de pessoas, também um resultado recorde.
No setor público, o número de empregados chegou a 12,7 milhões, um recorde puxado pela alta de 1,8% (mais 221 mil pessoas) no trimestre e de 4,3% (mais 523 mil pessoas) no ano.
Por outra via, segue absurdamente alto no Brasil o volume de pessoas no mercado de trabalho informal, isto é, brasileiros desprotegidos das leis trabalhistas, exercendo atividade de trabalho de baixa qualidade, jornada excessiva e de péssima remuneração.
Conforme a PNAD, o número de empregados sem carteira no setor privado também foi recorde no trimestre encerrado em agosto, ao chegar a 14,2 milhões, alta de 4,1% (mais 565 mil pessoas) no trimestre e de 7,9% (mais 1,0 milhão de pessoas) no ano.
O trabalho por conta própria atinge 25,4 milhões de pessoas no trimestre. Já o número de trabalhadores domésticos chegou a 5,8 milhões e os chamados empregadores sem CNPJ ficaram em 4,3 milhões de pessoas.
Segundo o IBGE, a taxa de informalidade ficou em 38,8% da população ocupada no trimestre encerrado em agosto, sendo um aumento frente à taxa do trimestre encerrado em maio (38,6%).
Ao todo, são 39,8 milhões de trabalhadores informais, que na sua maioria vivem de “bicos”, com remuneração que muitas vezes não chega a sequer a meio salário mínimo (R$ 706).