A deputada federal Maria do Rosário (PT), candidata à Prefeitura de Porto Alegre, reforçou nesta quinta-feira (26) sua posição contrária à privatização do Dmae (Departamento Municipal de Águas e Esgotos) da capital gaúcha e defendeu a utilização de recursos do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) para modernizar a estrutura do órgão.
Em entrevista ao Poder360, Maria do Rosário destacou que o financiamento é essencial para o cumprimento das metas estabelecidas pelo Marco Legal do Saneamento Básico.
A parlamentar tem se manifestado contra as privatizações desde que as enchentes que atingiram o Rio Grande do Sul em maio revelaram falhas no sistema de drenagem e no funcionamento das casas de bomba da capital gaúcha. “Já dei a minha opinião e estive na Casa Civil para mostrar minha insatisfação com a privatização prevista no governo Bolsonaro. […] Conseguimos tirar a Trensurb e já fiz chegar ao [presidente Aloízio] Mercadante que queremos o financiamento do BNDES para o Dmae”, declarou, referindo-se à sua atuação contra a concessão da Trensurb, sistema de transporte ferroviário da região metropolitana de Porto Alegre.
O atual prefeito e candidato à reeleição, Sebastião Melo (MDB), já solicitou ao BNDES recursos para a privatização parcial do Dmae, segundo a deputada. O plano de Melo inclui a concessão de parte dos serviços de água e esgoto à iniciativa privada, proposta que Rosário rejeita. “Temos que mostrar que a modelagem de Porto Alegre é mais potente e melhor para o atendimento da sociedade do que a mera privatização para cumprirmos as metas do Marco Legal do Saneamento Básico”, afirmou.
Ela também criticou a gestão atual pela progressiva redução dos investimentos no Dmae, acusando a prefeitura de seguir uma lógica de “destruição e privatização”. Ela argumenta que, ao desestruturar o órgão, o governo abre caminho para a privatização, o que, em sua visão, seria prejudicial à população.
CRÍTICAS À GESTÃO MELO
Além da questão do saneamento, Maria do Rosário também criticou duramente a administração de Sebastião Melo, especialmente quanto à falta de resposta adequada às enchentes e à manutenção do sistema antienchente. Segundo a deputada, o descaso com os sistemas de contenção das cheias dos rios Guaíba e Gravataí comprometeu a segurança da cidade. O sistema, projetado na década de 1970 para suportar níveis de até 6 metros, foi sobrecarregado durante a enchente de 3 de maio de 2024, quando as águas atingiram 4,5 metros e a estrutura falhou em pontos críticos.
As falhas incluem brechas de até 10 cm entre portas e o muro de contenção, bombas defeituosas e motores de comportas roubados que nunca foram repostos. O colapso do sistema antienchente intensificou os danos, deixando bairros inundados e expondo a vulnerabilidade de Porto Alegre frente a desastres naturais. “Esse sucateamento é resultado da falta de manutenção ao longo de sucessivas gestões municipais e estaduais”, apontou a candidata.
EDUCAÇÃO
Maria do Rosário ainda apresentou suas propostas para a educação em Porto Alegre, uma das principais pautas de sua campanha. Entre as principais iniciativas, ela planeja aumentar o número de crianças nas escolas, garantindo mais tempo de permanência e melhorando o Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) do município. Para isso, a candidata defende parcerias com o Ministério da Educação para diminuir o déficit de vagas na educação básica, além de retomar a formação pedagógica continuada dos professores.
Quanto à participação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em sua campanha, Maria do Rosário se declarou “muito bem orientada e vinculada” ao presidente, que já havia expressado sua intenção de viajar pelo país durante as campanhas eleitorais. No entanto, até o momento, Lula não participou de atos públicos em apoio à candidatura da deputada, apesar de Porto Alegre ser uma das poucas capitais com uma candidatura petista única.
Por fim, a candidata também criticou Melo por utilizar a flexibilização de legislações, em decorrência das enchentes, para distribuir benefícios durante o período eleitoral. Segundo ela, essa prática compromete a transparência da administração e fere princípios democráticos.