Genocida Netanyahu ordena bombardeios contra civis em Gaza, Cisjordânia, Líbano, Iêmen e Síria
As forças israelenses de extermínio bombardearam o centro de Beirute na madrugada de domingo para segunda-feira (30), pela primeira vez desde os ataques de 2006, a anterior tentativa de invadir e submeter o Líbano. No domingo, bombardeios ordenados pelo fascista Netanyahu mataram 105 pessoas e feriram 359 em 24 horas.
Os mísseis acertaram o distrito de Kola, no coração de Beirute, que reúne terminais de transporte público e áreas comerciais. Imagens da Al Jazeera mostraram um edifício residencial parcialmente destruído, enquanto pessoas desesperadas corriam pelas ruas.
Mais de uma dezena de pessoas ficaram feridas, disse uma fonte da Defesa Civil libanesa à AP sob condição de anonimato. O ataque matou três dirigentes da Frente Popular para a Libertação da Palestina (FPLP), confirmou a organização.
Num único ataque no fim de semana, dois edifícios residenciais foram completamente destruídos e 32 pessoas assassinadas, segundo as autoridades libanesas, entre as vítimas, muitas famílias deslocadas que ali haviam encontrado refúgio.
Na sexta-feira, bombardeio israelense com mais de 80 bombas antibunker, lançadas em minutos, destruiu a sede subterrânea do Hezbollah, assassinando seu líder, Hassan Nasrallah, no sul de Beirute.
Em uma sucessão de ataques traiçoeiros voltados a esconder o fracasso em Gaza, atrair os EUA para uma guerra geral no Oriente Médio e abafar os protestos internos contra a falta de um acordo de cessar-fogo em Gaza que traga de volta os reféns, o regime Netanyahu/Gvir/Smotrich estendeu ao Líbano o genocídio que desencadeou em Gaza há um ano.
Iniciada no dia 17 com atentados terroristas em massa usando explosivos em bipes e walkie-talkies, a escalada prosseguiu com bombardeios e operações de assassinato político, a mais infame delas contra o comandante da resistência libanesa, Nasrallah, deixando um rastro de mortes, escombros e milhares de civis mutilados. Entre esses, também, dois adolescentes brasileiros, Mirna Raef Nasser, de 16 anos, morta na quinta-feira, no norte do Líbano, e Alim Kamal Abdallah, na véspera, no vale do Beqaa. Segundo as autoridades libanesas, os deslocados já chegam a 1 milhão de pessoas, com cerca de 250 mil abrigados em escolas e outras instalações improvisadas.
A agressão ao Líbano é, ainda, uma tentativa de desviar a atenção do fato de que o regime segregacionista israelense está sob nvestigação da Corte Internacional de Justiça da ONU por genocídio em Gaza, a pedido da África doSul. Bem como de ignorar a decisão do mais alto tribunal mundial que considerou “ilegal” a ocupação da Cisjordânia e a posse da Palestina na Assembleia Geral da ONU. Também segue empacado no Tribunal Penal Internacional o mandado de prisão para o genocida Netanyahu, sob pressão dos EUA.
FRENTE LIBANESA NÃO VAI RECUAR
Em um comunicado televisionado, o vice-líder do Hezbollah, Naim Kassem, afirmou que a resistência libanesa continua operando e “está pronta” caso Israel realize uma invasão terrestre.
“A resistência islâmica [Hezbollah] seguirá enfrentando o inimigo israelense em apoio a Gaza e à Palestina e em defesa do Líbano e de seu povo, e em resposta aos assassinatos”, disse ele.
Ele denunciou que Israel continua matando civis, incluindo mulheres, crianças, idosos e equipes de ambulância por todo o Líbano, com o apoio dos EUA, e disse ainda que o Hezbollah irá eleger o substituto de Nasrallah em breve.
“Todos os sacrifícios que passamos, começando pelos pagers, até ao martírio dos nossos líderes e ao martírio do nosso secretário-geral… abalariam exércitos, populações e organizações, mas continuamos. Com as dores destes dias, com os sacrifícios, continuamos.”
E continua em vigor a declaração de Nasrallah de que “a frente libanesa não vai parar antes que a agressão em Gaza pare. Vocês não poderão devolver essas pessoas ao norte. A única maneira de fazer isso é parando a agressão a Gaza e à Cisjordânia. Este é o único caminho.”
PEDRA ANGULAR: A QUESTÃO PALESTINA NÃO RESOLVIDA
Na ONU, em discurso no sábado o chefe da diplomacia russa, Sergei Lavrov, denunciou a execução do líder do Hezbollah em bombardeio como um “assassinato político” e advertiu que o Médio Oriente está “mais uma vez à beira de uma grande guerra, que alguns parecem desejar fervorosamente”.
(O ministro do extermínio, Gallant, prometera uma “nova era” da guerra no Oriente Médio, com o “centro de gravidade se movendo para o norte”).
“O caminho da guerra não ajudará [Israel] a devolver os deslocados internos e não proporcionará segurança”, acrescentou, sobre o pretexto alegado por Tel Aviv para estender ao Líbano o genocídio em curso em Gaza.
“A pedra angular desta crise foi e continua a ser a questão palestina não resolvida”, enfatizou Lavrov. A Faixa de Gaza, por sua vez, tornou-se “a maior prisão ao ar livre”, da qual não há como escapar, disse ele.
Dirigindo-se aos EUA, Lavrov disse que cabe a Washington a escolha: “continuar a bloquear o trabalho do Conselho de Segurança da ONU ou ficar do lado da paz, do lado da comunidade internacional, e exigir o fim do guerra”.
“Sem o seu total apoio a Israel, o conflito poderia ter terminado rápida e eficazmente”, ele enfatizou.
A LENDA NASCEU
O Líbano decretou três dias de luto pelo assassinato de Nasrallah. Segundo a Reuters, o Hezbollah conseguiu resgatar o corpo de seu líder. Líderes cristãos libaneses, que são parte da aliança progressista de que o Hezbollah é parte, o Movimento 8 de Março, prestaram sua homenagem a Nasrallah. “O símbolo se foi, a lenda nasceu e a resistência continua”, postou Sleiman Frangieh, líder do partido político cristão libanês Marada e candidato preferido do Hezbollah à presidência libanesa.
“Com o martírio de Sua Eminência o Secretário-Geral do Hezbollah, Sayyed Hassan Nasrallah, o Líbano perde um líder distinto e honesto que liderou a resistência nacional nos caminhos da vitória e da libertação. Ele foi fiel à sua promessa e leal ao seu povo, que retribuiu seu amor, confiança e compromisso”, se manifestou o ex-presidente libanês Michel Aoun, cristão e fundador do partido Movimento Patriótico Livre. Ele descreveu Nasrallah como “um amigo honrado” e alertou contra os “perigos” que o Líbano está “testemunhando como resultado da agressão israelense em curso”, pedindo unidade nacional.
ORDEM EMITIDA DESDE NY
No sábado, o Irã enviou carta ao Conselho de Segurança da ONU pedindo que seja discutido o assassinato de Nasrallah. O presidente do Irã, o moderado Massoud Pezeshkian, afirmou que “a comunidade internacional não esquecerá que a ordem para este ataque terrorista foi emitida de Nova York”, acrescentando que Washington não tem como esconder sua “cumplicidade” com os israelenses.
Na Assembleia Geral da ONU, quando Netanyahu foi ao púlpito, afrontar o mundo com sua reiteração do genocídio e insanidade, boa parte do plenário já havia se retirado. Manifestantes exigiram o fim da entrega de armas dos EUA para o genocida. Depois, ele posou para a foto ordenando, desde NY, o assassinato de Nasrallah com as bombas fornecidas por Biden.
Como comentou um dirigente do Hamas à Newsweek, Basem Naim, tentativas anteriores de dizimar a resistência com assassinatos fracassou com, a cada morte, o posto tendo sido assumido por uma liderança ainda mais comprometida, ao longo de sete décadas. Aliás, Nasrallah é o próprio exemplo disso.
“O problema de Israel é com grupos armados com agendas limitadas que podem ser eliminadas matando seus líderes? Ou é com povos que têm direitos que eles têm se esforçado para alcançar há décadas e não pararam ou se renderam apesar do assassinato de muitos líderes?”, ele questionou.
“Algum grupo da resistência desapareceu após o assassinato dos líderes? Todos eles se tornaram mais fortes e mais difundidos”, acrescentou o ex-ministro da Saúde palestino. Israel pode alcançar conquistas táticas em suas operações militares – observou -, “mas perde a batalha estratégica”.