A operação Cash Delivery, deflagrada na sexta-feira (28) pela Polícia Federal, que apura um esquema de pagamento de propinas ao ex-governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), apreendeu R$ 940,2 mil na casa de Márcio Garcia de Moura, policial militar investigado. Ele é motorista de Jayme Rincon, ex-tesoureiro de Perillo e ex-secretário da Agetop (Agência Goiana de Transportes e Obras).
Moura é suspeito de ser um dos operadores de propina para o ex-governador e candidato a uma vaga no Senado nas eleições deste ano. A investigação apura o pagamento de R$ 12 milhões para Perillo, que também foi alvo de buscas da PF.
A operação se baseia em provas e em testemunhos de delações premiadas de executivos da Odebrecht, que relataram o pagamento ao ex-governador de R$ 2 milhões em 2010 e R$ 10 milhões em 2014 em troca de favorecimento à empreiteira em contratos no estado.
Nas planilhas de propina da Odebrecht, Perillo era identificado pelos codinomes Master, Padeiro, Calado ou Patati. Os recursos ilícitos chegaram a ele pelo doleiro Álvaro Novis, dono da corretora Hoya, que trabalhava para a empreiteira. Novis admitiu à PF que era encarregado de providenciar a entrega do dinheiro.
O doleiro forneceu planilhas de controle e extratos dos pagamentos, além de gravações das conversas telefônicas que, por determinação da Comissão de Valores Mobiliários, a Hoya era obrigada a fazer e manter. Essas provas, segundo o Ministério Público Federal, reforçam os indícios de que, “de fato, houve o efetivo pagamento da propina”.
Jayme Rincon, que atualmente coordena a campanha do candidato tucano ao governo do estado, José Elinton, é apontado pelos investigadores como sendo o braço direito do ex-governador no esquema. Ele, Moura e mais três investigados tiveram a prisão temporária decretada. Perillo escapou porque a legislação eleitoral proíbe que candidatos sejam presos 15 dias antes e dois dias depois das eleições.
Os envolvidos são investigados por corrupção passiva, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha. O ex-governador é apontado como chefe da organização investigada.