No último debate antes do primeiro turno das eleições para a Prefeitura de Porto Alegre, realizado nesta quinta-feira (3) pela RBS TV, as candidatas Maria do Rosário (PT) e Juliana Brizola (PDT) se uniram em críticas à gestão do atual prefeito, Sebastião Melo (MDB), especialmente no que diz respeito às enchentes que atingiram a cidade recentemente. As duas candidatas, que participaram de um embate respeitoso e focado em propostas, criticaram duramente a falta de prevenção e a ineficácia do sistema de contenção de cheias na capital gaúcha.
Durante o debate, Brizola questionou Melo sobre as enchentes e afirmou que o prefeito não deu a devida atenção aos alertas dos técnicos responsáveis pela previsão das chuvas. “O sistema de drenagem da cidade está abandonado. Na última chuva, os rios não transbordaram, mas a água voltou pelos bueiros, evidenciando a falta de manutenção”, apontou Brizola, prometendo reformar o sistema de proteção e implementar um plano contínuo de monitoramento e alerta para a população.
Maria do Rosário reforçou a crítica ao sistema de prevenção, prometendo recriar o Departamento de Esgotos Pluviais (DEP) para garantir maior eficiência no combate às enchentes. A petista também defendeu a valorização do Departamento Municipal de Água e Esgotos (DMAE) e se opôs à privatização do órgão, afirmando que o desmonte do setor público tem sido prejudicial à cidade. “A privatização enfraquece a capacidade de resposta do município, e os alagamentos são a prova disso. O prefeito investiu apenas 37% do orçamento previsto para o DMAE em 2023”, destacou Rosário.
Em sua defesa, Melo atacou o governo federal, afirmando que a responsabilidade pelo sistema de proteção contra cheias é da União e que as obras de contenção têm sido conduzidas com recursos municipais, apesar da falta de repasses federais. Ele citou obras no bairro Sarandi e no muro da Mauá, que, segundo ele, somam R$ 500 milhões, além da construção de casas de bomba, como medidas que sua gestão tem implementado.
No entanto, as críticas de Brizola e Rosário encontraram eco entre os eleitores que vivem em áreas vulneráveis, impactadas pelas enchentes. Brizola destacou que a população está amedrontada e que muitas empresas estão deixando a cidade devido à falta de segurança em relação aos desastres climáticos. “Porto Alegre deveria ser uma cidade de inovação, mas as empresas estão saindo porque não há confiança no futuro”, disse a candidata pedetista.
O confronto entre as candidatas e Melo colocou a gestão atual de Porto Alegre sob uma lupa rigorosa. A gestão das enchentes e a manutenção das estruturas urbanas tornaram-se um dos principais temas da reta final da campanha, com Brizola e Rosário prometendo uma mudança de rumo para a cidade, que tem enfrentado dificuldades recorrentes em lidar com as chuvas e suas consequências.
Com o debate focado em questões essenciais como a saúde pública, a mobilidade urbana e a preservação ambiental, as candidatas fizeram questão de destacar que, em suas gestões, a prevenção de enchentes seria tratada como prioridade máxima, criticando a administração atual pela falta de ação diante das emergências climáticas que afetam Porto Alegre.
As próximas horas serão decisivas, à medida que os eleitores avaliam as propostas e o desempenho dos candidatos antes do primeiro turno, marcado para o próximo domingo.