“Com participação importante de bens duráveis, seja para consumo, seja para investimento, é de se esperar que a produção paulista se mostre mais vulnerável à fase recente de aumento das taxas de juros promovida pelo Banco Central”, avalia o IEDI sobre a queda no maior parque industrial do país
A produção industrial recuou em 10 dos 15 locais pesquisados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em agosto. Os dados regionais foram divulgados nesta terça-feira (08), detalhando o resultado geral do mês, quando a produção ficou estagnada: 0,1% frente a julho.
As perdas mais intensas foram registradas no Pará (-3,5%), Paraná (-3,5%) e Rio Grande do Sul (-3,0%) e Pernambuco (-2,2%). De acordo com o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (IEDI), o principal destaque negativo vem, sobretudo, de São Paulo, o maior parque industrial do país e que em agosto registrou a segunda queda mensal em volume de produção. O aumento na taxa básica de juros é um fator determinante para o desempenho, especialmente por conta da produção de bens duráveis.
“A indústria de São Paulo, por sua vez, caiu pela segunda vez consecutiva: -1,0% em ago/24 e -1,5% em jul/24, na série com ajuste sazonal. Por ser a maior e também a mais diversificada do país, com participação importante de bens duráveis, seja para consumo, seja para investimento, é de se esperar que a produção paulista se mostre mais vulnerável à fase recente de aumento das taxas de juros promovida pelo Banco Central”, avalia o IEDI.
Dentre as regiões que avançaram estão o Ceará (2,7%), Minas Gerais (1,8%), Bahia (0,8%) e Mato Grosso (0,8%). Rio de Janeiro pouco saiu do lugar, com avanço de 0,2% na passagem de julho para agosto.
“Ainda que os dados nos lembrem do risco de uma perda de dinamismo na indústria, o panorama regional do setor é bem mais favorável tomado o desempenho acumulado nestes oito meses já cobertos pela pesquisa do IBGE. A indústria acumula alta de +3%, com 89% dos seus parques no azul, em contraste com um declínio de -0,3% em jan-ago/23, quando 50% de seus parques cortavam produção”, diz o instituto.
“Além disso, é importante notar, como mostram as variações interanuais acima, que o bimestre jul-ago/24 aponta para uma melhora em metade das indústrias regionais, ainda que parques importantes como São Paulo e Rio de Janeiro não estejam neste grupo”, continua, destacando que a indústria regional do Nordeste, Amazonas e Minas tiveram bom desempenho nas comparações anuais e trimestrais.