Durante entrevista na Rádio CBN na manhã desta quarta-feira (10), o candidato da coligação “Amor por São Paulo”, Guilherme Boulos (Psol), disse que vai fazer um governo para todos, mas com prioridade para o combate às desigualdades que afeta os mais vulneráveis. “É bom para quem mora na Bela Vista, em Pinheiros, em Perdizes, porque tem a compreensão de que a minha eleição é garantia de uma cidade mais civilizada, mais segura”, disse, em resposta aos questionamentos dos entrevistadores sobre ele não ter saído vitorioso no primeiro turno em alguns bairros da periferia.
Segundo Boulos, o que está em jogo em São Paulo é sobre quem se “sente seguro, quem vai à UBS e diz que tem médico, que tem remédios, tá com meu adversário”, mas quem sente que isso não condiz com a realidade, está com ele.
Boulos também ironizou o fato de seu adversário, o atual prefeito Ricardo Nunes (MDB) ter se ausentado do encontro, o que, de acordo com as regras, permitiu que o debate se constituísse em uma entrevista. “Nós já tivemos muitos problemas com cadeira nesta campanha, mas cadeira vazia, nós estamos tendo pela primeira vez, o que é muito ruim para à democracia”, avaliou.
De acordo com o candidato, Nunes “é um fujão”. “O mesmo candidato, que agora foge de debater ideias, foi o prefeito que durante três anos e meio, fugiu das suas responsabilidades. Inclusive, quando teve o apagão e dois milhões de pessoas sem luz, quando a cidade mais precisava, foi para o camarote da Fórmula 1 e fugiu de resolver o problema”. “Alguém que fugiu, quando a gente tava na pior epidemia de dengue na cidade e deixou as pessoas à própria sorte no SUS”.
Boulos também criticou o negacionismo do adversário, apoiado por Bolsonaro que, “quando estava com Bruno Covas defendia a vacina”. Agora [que tem o apoio do ex-presidente], “diz que Bolsonaro fez tudo certo. É um desrespeito com às famílias das mais de 700 pessoas (que morreram durante a pandemia da Covid-19)”, critica. O candidato apontou que o prefeito mantém em seu secretariado um “negacionista do clima” e questionou quantos secretários Bolsonaro vai indicar numa eventual nova gestão de Nunes.
Destacando as suas propostas, ele agradeceu o apoio da deputada Tabata Amaral [PSB] neste segundo turno e reiterou que vai incorporar alguns de seus projetos em uma eventual eleição. Entre eles, o Jovem Empreendedor, que vai oferecer um sistema de crédito a jovens entre 18 e 29 anos que querem começar a empreender; o Rampa, um programa de suporte para mães de crianças autistas, e o Polo Tecnológico na Zona Leste: Centro de Inovação, envolvendo Universidades e empresas para gerar emprego na zona leste da cidade.
Boulos disse também que pretende aderir a alguns projetos do adversário no primeiro turno Pablo Marçal, do PRTB, como o “Escola Olímpica”, que cria oportunidades de cultura e esportes para jovens, lembrando que tal programa já estava contemplado no seu projeto de governo que tratam da escola em tempo integral.
Continuando na pauta do empreendedorismo, o deputado disse que pretende implementar o “Acredita, Mulher”, uma linha de crédito para profissionais como cabeleireiras, confeiteiras.
Com relação à saúde da mulher, ele respondeu aos jornalistas que na sua gestão vai continuar cobrando a aplicação do Código Civil com relação ao direito ao aborto de acordo com às circunstâncias garantidas pela lei. E criticou a atual gestão que tem sido omissa nessa questão em relação às irregularidades praticadas pelo Hospital de Vila Nova Cachoeirinha, que tem se recusado a garantir esse direito às vítimas de estupros e em casos de gravidez de risco e em outras circunstâncias amparadas pela legislação. Ainda no campo da saúde, Boulos esclareceu que não vai romper os contratos com às OS’s [Organizações Sociais], pois essa medida “colapsaria a saúde no mesmo dia”. Porém, disse que vai reforçar a fiscalização sobre as organizações que atuam no setor.
Garantiu também que manterá os convênios com às entidades conveniadas da Educação Infantil e que vai assegurar as mesmas condições dos servidores da rede direta, como por exemplo, a redução da jornada de 8h para 6h diárias. O postulante do Psol reafirmou também o compromisso em revogar o confisco de 14% sobre a aposentadoria dos servidores do Município de SP, “uma crueldade que Ricardo Nunes fez contra eles”.
Para os motoristas de aplicativo, o candidato afirmou que vai liberar esses trabalhadores do rodízio, que “perdem um dia de trabalho na semana”, o que os prejudica. Também se comprometeu a facilitar a transferência de alvarás, uma reivindicação dos taxistas, que a prefeitura não atende. Em relação aos motoboys, afirmou que vai construir uma base de apoio nos 96 distritos da capital paulista para que esses profissionais tenham um espaço para os momentos de refeições, para uso do banheiro e não “ficarem à mercê de comerciantes” quando precisam usar esse local.
Dentro das políticas sociais, disse que vai “humanizar” os abrigos da cidade para que as pessoas em situação de rua possam ter melhores condições nesses espaços. No entanto, destacou que os abrigos “são uma porta de saída”, que as pessoas precisam resgatar a dignidade através de oportunidades de trabalho. Ele citou um projeto implementando pelo Sindicato da Construção Civil que garantiu cursos de reciclagem profissional e resultou na geração de postos de trabalhos para esse público. “Se um sindicato fez, imagine a Prefeitura…”.
Continuando as denúncias contra a Gestão Ricardo Nunes, Boulos voltou a criticar a presença de Eduardo Olivatto, irmão de Ana Maria Olivatto, ex-companheira de Marco Willians Herba Camacho, o Marcola, na Secretaria de Infraestrutura Urbana (Siurb). Ele é ex-cunhado do líder máximo do Primeiro Comando da Capital (PCC). O deputado rebateu os argumentos de Nunes de que se trata de um funcionário de carreira e apontou que exercer a chefia de gabinete é um cargo de confiança.
PLENÁRIA DA VIRADA
Na noite de quarta-feira (9), parlamentares, representantes de partidos, dos movimentos sociais, militantes e representantes da sociedade civil, lotaram a Casa de Portugal, na região central da cidade, na Plenária da Virada, primeiro grande evento público da campanha neste segundo turno. Ao discursar, Boulos agradeceu aos presentes: “Escutem bem, anotem, grave bem: nós vamos ganhar essa eleição no dia 27!”, arrancando aplausos […]”. “A Faria Lima [em alusão aos representantes do mercado financeira] tá com os nossos adversários, a especulação imobiliária tá com o nosso adversário, a máquina [pública] tá com o nosso adversário, mas o dia 27 vai mostrar que o povo dessa cidade tá com a gente aqui”.
Ele também destacou o fato de cerca de 50 mil eleitores terem tido o voto anulado ao digitarem o 13, que é a legenda do PT, ao invés de 50 [sigla do Psol], induzidos ao erro por Pablo Marçal durante o primeiro, que propositalmente diziam para as pessoas não “digitarem o 13” na urna, o que confundiu muita gente.
Além da vice, Marta Suplicy (PT), estavam presentes lideranças políticas como a deputada federal Erika Hilton e a ex-prefeita e deputada federal Luiza Erundina, além da vereadora reeleita pelo PT Luna Zaratinni, do vereador do PSB, Eliseu Gabriel, e lideranças de partidos da coligação . O cantor Chico César também marcou presença.