Quase 20h depois do temporal que atingiu São Paulo no início da noite desta sexta-feira (11), a população, principalmente da capital paulista e Grande SP, segue sofrendo as consequências dos serviços privatizados de energia, água e telefonia.
Os fortes ventos causados pelo temporal, provocou a queda de árvores, atingindo os cabos de distribuição da Eneel, empresa responsável pelo fornecimento de energia elétrica que atende a mais de 20 milhões de consumidores no Estado, segundo dados da própria Enel.
Moradores de vários bairros ficaram no escuro com a queda de energia. Segundo a concessionária, de 2,1 milhões afetados, 1,6 milhão de clientes continuam sem luz até agora.
A Defesa Civil estadual, informou que rajadas de 107,6 km/h em Interlagos, na zona sul, da capital, foram as mais fortes já registradas desde 1995 pelo órgão. A velocidade do vento superou os 103,7 km/h de 3 de novembro do ano passado, até então a marca mais alta. Segundo a prefeitura, o volume médio de chuva na sexta-feira, de 13,3 milímetros, chegou a 11,8% dos 112,7 milímetros previstos para todo o mês de outubro.
Os serviços das operadoras de telefonia também foram afetados e moradores do Grajaú e Parelheiros, bairros da zona Sul da capital paulista, amanheceram sem o sinal de telefonia móvel – e fixa, segundo relataram ao HP. Por vota das 13h, o serviço voltou a funcionar. O problema se estendeu também sobre o fornecimento de água.
Clientes citaram que receberam comunicado da Sabesp, empresa responsável pelo abastecimento no Estado, e que foi recém-privatizada pelo governador Tarcísio de Freitas, informando que “devido manutenção emergencial” na rede, o serviço estava suspenso. A normalização, de acordo com o informe, está prevista para a noite de hoje.
É natural que um temporal nas proporções do que foi registrado ontem em SP produza transtornos. Porém, o que é, no mínimo, questionável, é a longa demora por parte das prestadoras de serviços – essenciais, ressalte-se – em solucionar os problemas para e, assim, minimizar os prejuízos aos clientes. A previsão dada pela Enel de cinco horas para a normalização do serviço não foi cumprida, e 20 horas depois da tarde deste sábado (12), parte desses locais continuem às escuras, como Liberdade, na região central; Vila Romana, Pompeia, Pinheiros e Vila Anastácio, na zona oeste; e Vila Mariana, na zona sul.
“Trafegando pela Radial Leste nesta manhã, enfrentei semáforos apagados em todo o percurso, desde à Vila Carrão (zona Leste da capital paulista) até o centro da cidade”, diz o professor aposentado Wagner Melo. “Essas empresas, ao serem privatizadas, cortam pessoal e com isso ficam sem condições de prestar um atendimento de qualidade aos consumidores”, critica Wagner à Hora do Povo.
Em Santo Amaro, importante bairro da zona Sul de São Paulo, a situação era a mesma na manhã de hoje, conforme relata a copeira Edjane Ferreira, moradora do Grajaú. “Fui realizar uma consulta médica em Santo Amaro e todos os semáforos não funcionavam, tudo apagado”, disse. Mais cedo, ao acordar nesta manhã, a consumidora também enfrentou a falta do sinal de Wi-Fi – e de telefonia móvel, prestado pela Tim, além da falta de água em um final de semana, quando se tem que lavar roupa, fazer faxina. “Um caos!”, desabafou. De telefonia voltou a funcionar por volta das 13h.
“A situação tá feia na cidade. Sinal de internet eu tenho, dados móveis também, mas tô sem luz, desde ontem”, diz a assistente de vendas Zélia Duarte, que mora em Parelheiros”, também na zona Sul da capital paulista em entrevista ao HP.
“Foi um caos, realmente. Eu tava na Marginal (Pinheiros), umas 7h30 da noite, tava uma chuva muito forte, eu tava vindo pelos lados do Varginha (região de Parelheiros) e tudo escuro”, conta o balconista Gilvan Vitor.
Outros bairros da capital, como Jardim São Luís, Pedreira, Campo Limpo, e Jabaquara, todos na zona Sul, também estão entre os mais atingidos pelas chuvas e a falta de luz. Rajadas de vento intensas também foram registradas no Aeroporto de Congonhas (78 km/h), em Santana/Carandiru (zona Norte), este às 17h10. De acordo com a Aena, entidade que administra o aeroporto de Congonhas, as operações de pousos e decolagens foram suspensas das 19h53 às 20h12.
Na Granja Viana, o vendaval arrancou uma grande árvore próximo a Alphaville da Granja, que caiu sobre a rede elétrica e atingiu um veículo que transitava pela avenida São Camilo.
A falta de energia também atinge os moradores do ABC paulista, que enfrentam ainda a interrupção do abastecimento de água em São Bernardo, São Caetano, Santo André e Cotia. “Minha mãe, que mora em Santo André, está sem energia desde ontem. E segundo informaram, só volta na segunda-feira”, relatou o motorista de aplicativo Carlos Eduardo Pribessan ao HP.
Mais uma prova que as instituições, públicas ou privadas, só funcionam em tempo de bonança.
Quando passam por um teste mais rigoroso mostram a incapacidade de resolver, ou ao menos mitigar estragos.
A Enel é uma empresa privatizada. Você está colocando as instituições públicas nessa balança somente para confundir. Qual foi a empresa pública responsável por um vexame – e um dano ao povo – como o da Enel em São Paulo?