O primeiro debate do segundo turno entre os candidatos à Prefeitura de São Paulo, realizado na segunda-feira (14), pela Band, teve como foco principal o apagão que atinge a população da cidade desde a última sexta-feira (11) e afetou cerca de 5 milhões de pessoas.
Em sua primeira fala, o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL)prometeu “trabalhar para tirar” a concessionária Enel da cidade e disse que a atual crise tem dois culpados: a empresa e o prefeito Ricardo Nunes, “porque não fez o básico, a lição de casa: poda de árvore, manejo arbóreo”. Até esta terça-feira (15), quinto dia de apagão, 250 mil imóveis de cidades da Grande São Paulo continuavam sem energia elétrica.
“A cidade fica refém dessas duas incompetências: a Enel e o prefeito. Vou trabalhar durante quatro anos na zeladoria, não só em época de eleição, e garantir dinheiro para poda. E melhorar o serviço via telefone, permitir que o pedido de poda seja feito via aplicativo e respondido em até 1 mês”, prometeu Boulos.
O prefeito Ricardo Nunes (MDB) tentou responsabilizar o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que apoia a candidatura de Boulos, sobre o apagão. Segundo ele, o governo não teria agido para resolver os problemas com a Enel, concessionária do serviço de energia na capital.
Nunes acrescentou que os prefeitos “não têm ação contra a Enel” e que Boulos, como deputado federal, “não fez nada para alterar a lei federal que cuida desse tema”.
Já Boulos lembrou que a responsabilidade sobre avaliar a atuação da empresa é da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), cujo diretor, Sandoval Feitosa, foi indicado para o cargo pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), cujo partido apoia a candidatura de Nunes.
“Você não faz poda de árvore e o culpado é o Lula. Você tem que assumir a sua responsabilidade. É feio não assumir a responsabilidade, você errou. O presidente da Aneel [Agência Nacional de Energia Elétrica] foi indicado pelo [Jair] Bolsonaro e não fez a revisão do contrato da Enel”, rebateu Boulos.
POPULAÇÃO DE RUA
Sobre a população em situação de rua, Boulos disse que a experiência como líder do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) o ajudará a lidar com a população em situação de rua na capital paulista.
“Faremos o maior programa de moradia da cidade de São Paulo, e criando a porta de saída para o acolhimento: a geração de trabalho, qualificando as pessoas na rua para serviços de limpeza e até de poda de árvore, que está faltando na cidade”, afirmou, cutucando Nunes.
Nunes, em resposta, afirmou que aumentou o número de vagas de acolhimento pela prefeitura para 29,4 mil e disse que continuará abrindo Vilas Reencontro, que consistem em moradias transitórias para pessoas em situação de rua.
Boulos, por sua vez, questionou a eficiência da gestão de Nunes para lidar com o tema. “Você (eleitor) acha que a população de rua aumentou ou diminuiu em São Paulo? Ande na rua, olhe”, disse.
SEGURANÇA
Dessa mesma forma, perguntado pela organização do debate sobre a operação policial que fechou hotéis utilizados pelo tráfico de drogas no centro da capital, Nunes destacou a parceria da prefeitura com o governo do estado, gerido por Tarcísio de Freitas (Republicanos), seu aliado. “Aqui, é tolerância zero com o crime organizado”, afirmou.
Boulos, em seu comentário, fez uma pergunta retórica ao eleitor: “você se sente seguro com o celular na mão?”, e falou em aumentar o efetivo da Guarda Civil Metropolitana (GCM).
Ainda, Nunes foi questionado pela organização do debate sobre o que pretende fazer para diminuir o tempo de deslocamento no transporte público na capital. Em resposta, destacou obras da prefeitura.
“O BRT Radial Leste, eu já dei início. Já estou com a obra da Ponte Pirituba-Lapa em andamento, e a extensão da Avenida Raimundo Pereira de Magalhães. Retomamos a obra do Túnel Sena Madureira…”, listou, entre outras ações.
Boulos, em comentário, criticou a gestão do mandatário. “O Nunes sempre está fazendo. E por que já não fez?”, indagou.
Também, o candidato do PSOL questionou uma fala de Nunes de que Bolsonaro havia feito tudo certo na pandemia. O atual prefeito respondeu dizendo que, na pandemia, muita gente errou e acertou, e que a cidade de São Paulo se tornou a capital mundial da vacina.
Por fim, o candidato a vice de Nunes, Mello Araújo (PL), também foi citado a respeito de uma declaração de que o tratamento da polícia na periferia deveria ser diferente do dado em bairros nobres.
Nunes defendeu Mello Araújo e disse que, por mais de 30 anos, ele saiu de casa para defender a população de São Paulo. Ainda disse que ele é “rasgado de ponta a ponta” após ser atingido por uma madeira durante um salvamento de uma criança afogada.
Boulos disse que vai “tratar igual quem mora na periferia e nos Jardins” e que pretende dobrar o efetivo da Guarda Civil Metropolitana (GCM).
Ao se despedir do público, Nunes disse que o debate deixou “muito claro quem tem experiência”, apontando para si, e “quem não tem”, chamando o adversário de extremista.
Já Boulos falou que a campanha de Nunes quer que a população tenha medo ao citar extremismo. Ele também disse que quem acha que a saúde está boa, concorda com o prefeito. E quem quer a mudança, deveria apoiar sua candidatura. E que a decisão da população no dia 27 é de continuar do jeito que está ou apoiar uma mudança na cidade.