Dezenas de milhares de pessoas foram às ruas nesta terça-feira (2) por toda a Bélgica para repudiar a reforma da previdência que eleva de 65 para 67 anos a idade mínima de aposentadoria e reduz o pagamento mensal aos aposentados. Como parte do “Dia de Ação”, dezenas de empresas foram paradas.
Em Antuérpia, 15 mil pessoas marcharam contra o achaque – estivadores, metalúrgicos, químicos, servidores e profissionais da saúde – e 6 mil na capital, Bruxelas. Mais 10 mil em La Louvière. Os protestos se estenderam também Liege, Namur, Gante, Kortrijk, Hasselt e Leuven. As manifestações foram convocadas pelos sindicatos, entidades populares e partidos de oposição e ocorreram nas áreas de língua francesa e nas de fala flamenga.
A Central Geral dos Servidores Públicos exigiu, ainda, a criação de empregos para os jovens e salário igual para trabalho igual. De acordo com a Federação Geral do Trabalho, na Bélgica muitos aposentados vivem em condição de pobreza devido ao piso, um dos mais baixos da Europa.
Manifestantes ouvidos pela Euronews denunciaram o aumento da idade de aposentadoria: “depois dos 50 anos, em alguns empregos, você nem tem como continuar trabalhando, de pé, numa cadeia de produção, fisicamente não é sustentável”. “Pagar aposentadorias mais altas é uma escolha política”, afirmou uma senhora. “O que conta é o que é importante para a sociedade. As pessoas devem receber uma pensão decente depois de terem trabalho a vida toda”.
O movimento é a continuação das grandes mobilizações de maio, que chegaram a paralisar a injusta reforma, assinalou Peter Mertens, presidente do Partido do Trabalho da Bélgica (PTB). Ele saudou os trabalhadores belgas “por não se dobrarem” e considerou a mobilização “impressionante, apesar da chuva” e “acima do esperado”. “É enorme a indignação contra esse política de obrigar a ‘trabalhar mais [anos] por pensão menor’”, acrescentou.