O economista David Deccache chamou de “declaração de guerra aos pobres” e “pacote antipobre” as medidas de contenção de gastos avaliadas pela equipe econômica do governo esta semana.
“Os alvos principais do pacote são as pessoas em situação de miséria”, afirma o economista, ao criticar as propostas de cortes no Benefício de Prestação Continuada (BPC), que atende às pessoas de baixa renda, e a desvinculação de recursos mínimos para a saúde e educação.
“Haddad e Tebet, ao lado dos banqueiros e da imprensa ‘especializada’, anunciaram que os alvos principais do pacote são as pessoas em situação de miséria que recebem o BPC, a saúde e a educação”, escreveu o economista em suas redes sociais.
Segundo Deccache, “é um conjunto de propostas para esmagar a saúde, educação, BPC e previdência, forçando-os a caber no Teto”. E, ironizando, compara com o pensamento do ex-ministro de Bolsonaro: “Como dizia Paulo Guedes, a ideia é ‘quebrar os pisos para não furar o teto’”.
“O Novo Arcabouço Fiscal foi construído em duas fases. A primeira foi a implementação de tetos de gastos baixos o suficiente para esmagar os pisos da saúde, educação, BPC e a parte da previdência social vinculada ao salário mínimo”, afirma.
E preconiza que a segunda fase, “planejada há tempos para depois das eleições municipais, consiste em ataques diretos aos pisos constitucionais e garantias legais desses direitos”. O economista ressalta ainda que, “ao atacar o BPC, a mira está principalmente nas mulheres idosas negras, as maiores beneficiárias. É um pacote antipobre, racista e machista”, rechaça.
Para Deccache, “apesar do anúncio desse amplo ataque, parece haver um pacto de silêncio para evitar uma reação popular organizada”, que ele classifica como “covardia pura”. “Estão esperando para denunciar quando não houver mais tempo de reação?”, pergunta, e rebate: “Haddad, Tebet e seus aliados desejam confronto? Terão guerra. E quem se calar diante disso é cúmplice desta barbaridade. Não podemos poupar quem declara guerra aos pobres”.
SEGURO-DESEMPREGO
Outra medida “estudada” pela equipe econômica é a redução do seguro-desemprego. A proposta inclui abater do benefício parte da multa de 40% do FGTS, reduzindo o valor a que o trabalhador tem direito.
De acordo com as centrais sindicais, que em nota repudiaram a proposta, “já vimos este filme e o final não foi nada bom. Em 2014, a equipe econômica do governo Dilma propôs uma série de ajustes na economia, que conduziram o Brasil a uma situação de recessão e desemprego”.
Leia em Centrais Sindicais: “Reduzir seguro-desemprego é excluir o pobre do orçamento”.
uma vergonha!