Assessor da Presidência diz que quem sofre mais com as sanções são os europeus. “Hoje em dia, os EUA vendem combustível e gás caros para os europeus ocidentais. Costumava ser mais barato por meio de um gasoduto da Rússia”
A reunião do BRICS, bloco que reúne Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, em Kazan, na Rússia, e o crescimento de sua influência no mundo, está incomodando muito as potências tradicionais em crise.
Há uma pressão sobre países como o Brasil para impedir o crescimento e a consolidação do bloco, que já é maior do que o G7 (grupo das velhas potências). Hoje, o BRICS responde por 34,9% do PIB mundial (2023), enquanto o G7, liderado pelos EUA, fica com apenas 29%. Agora, com mais 4 integrantes (Irã, Emirados Árabes Unidos, Etiópia e Egito), que ingressaram no grupo em janeiro, a estimativa é que o percentual suba para 35,4% em 2024.
O Brasil respondeu bem a essa pressão para atritá-lo com o grupo condenando as sanções contra a Rússia. “As sanções contra a Rússia não são um instrumento eficaz de influência e não vão dar resultado”, disse Celso Amorim, assessor especial da Presidência do Brasil para Assuntos Internacionais, em entrevista à mídia alemã às vésperas da cúpula do BRICS.
Na manhã desta terça-feira (22), o presidente Lula conversou por vinte minutos com o presidente Vladimir Putin. Lula não pode comparecer ao encontro por conta de um acidente doméstico ocorrido no sábado (19) no Palácio da Alvorada.
Celso Amorim destacou que seu país não compartilha da opinião do Ocidente sobre essa questão (sanções contra a Rússia), apontando para as relações amistosas e a ausência de hostilidade entre o Brasil e a Rússia.
“Temos relações normais com a Rússia. Somos contra as sanções”, enfatizou Amorim. O presidente russo fez questão de dizer, em entrevista que antecedeu a abertura do encontro, que o BRICS não é contra o ocidente. “É um bloco que respeita a opinião de seus participantes e que busca o desenvolvimento comum”, afirmou Putin.
Ao avaliar os resultados das sanções impostas à Rússia, Amorim chamou a atenção para o fato de que é a Europa Ocidental quem mais sofre com elas. E, por outro lado, a economia da Rússia está crescendo. “Hoje em dia, os EUA vendem combustível e gás caros para os europeus ocidentais, que precisam ser transportados por mar. Costumava ser mais barato por meio de um gasoduto da Rússia”, indicou o brasileiro.
A 16ª Cúpula do BRICS está sendo realizada em Kazan de 22 a 24 de outubro de 2024. Trinta e dois países confirmaram sua participação no evento, 24 dos quais serão representados por chefes de Estado.
Anteriormente, Aleksei Pushkov, chefe da Comissão de Política de Informação e Relações com a Mídia do Conselho da Federação (câmara alta do parlamento) da Rússia, disse que o crescente interesse na cúpula entre os líderes de vários países indica uma perda de fé nos “ideais” ocidentais.