A sede do jornal Al Mayadeen, um dos mais atuantes na divulgação dos crimes de guerra israelenses, foi atacada
A sede da rede jornalística Al Mayadeen, em Beirute, foi bombardeada por Israel durante uma onda de ataques israelenses contra a cidade. Jornais como Al Mayadeen e Al Jazeera estão proibidos de atuar em Israel pois a ditadura de Netanyahu tenta esconder do mundo os detalhes da bestialidade genocida que comete em Gaza e agora estende ao Líbano e à Cisjordânia palestina (região que sedia a Autoridade Nacional Palestina).
Logo depois do ataque à sede da Al Mayadeen (que não tinha jornalistas presentes no momento do ataque), nesta sexta-feira, as forças de ocupação e extermínio de Netanyahu atacaram um condomínio onde estavam hospedados 18 jornalistas de sete entidades de imprensa.
Neste segundo ataque, foram mortos três jornalistas do Al Mayadeen e do Al Manar, outros três ficaram feridos.
A matança de jornalistas já tirou a vida de 170 periodistas, no maior morticínio de funcionários de imprensa já registrado em qualquer conflito em toda a história.
O Ministério da Saúde do Líbano informou, esta sexta-feira (25), que três jornalistas foram assassinados e outros três ficaram feridos na sequência de um ataque aéreo realizado por Israel contra o bairro de Hasbaya, no sul do país, com o “objetivo de desmantelar as condições de trabalho da imprensa”.
“Nosso correspondente em Zahle reportou a morte de três jornalistas em um ataque israelense a Hasbaya”, confirmou a Agência Nacional de Notícias do Líbano (NNA), assinalando que outros 3 repórteres ficaram feridos e estão em tratamento.
Entre as vítimas estão Ghassan Najjar, cinegrafista, e o engenheiro de radiodifusão Mohammed Reda, ambos funcionários da mídia Al Mayadeen. O cinegrafista Wissam Qasim, do canal Al Manar, também foi assassinado.
“O inimigo israelense esperou a pausa noturna dos jornalistas para surpreendê-los traiçoeiramente e matá-los enquanto dormiam, depois deles não terem parado de cobrir as notícias no campo nos últimos meses, e de transmiti-las revelando os crimes cometidos”, afirmou o Ministro da Informação libanês, Ziad Makari, em mensagem nas redes sociais.
“É UM CRIME DE GUERRA”
“Foi um assassinato porque estavam presentes 18 jornalistas, que representavam sete instituições de mídia. É um crime de guerra”, acrescentou.
Em ligação telefônica com Ghassan Ben Jeddou, presidente do Conselho de Administração da rede pan-árabe Al Mayadeen, Makary afirmou que o Ministério entrará em contato com a UNESCO e organizações internacionais da ONU para registrar queixas oficiais sobre a agressão israelense contra jornalistas como um crime de guerra.
“A ocupação gosta de matar e entre os seus alvos estão jornalistas que expuseram os seus crimes, o que gera ódio sádico contra eles”, respondeu Ben Jeddou.
COMUNIDADE INTERNACIONAL DEVE LEVANTAR A VOZ
O Sindicato dos Editores de Imprensa Libaneses descreveu essa ação como um “massacre horrível” perpetrado por Israel contra os meios de comunicação, emitindo uma declaração na qual condenou o ataque aos jornalistas e instou a comunidade internacional a levantar a sua voz contra a contínua agressão de Israel aos meios de comunicação, que viola as leis e convenções internacionais destinadas a proteger os jornalistas.
O Conselho do Sindicato dos Trabalhadores em Mídia Visual e de Áudio ecoou a declaração do Sindicato dos Editores da Imprensa Libanesa, criticando “o ensurdecedor silêncio global em relação aos crimes israelenses em andamento contra pessoas e propriedades, sem qualquer impedimento ou ouvidos atentos, bem como o sono e o silêncio de países, instituições de direitos humanos e da sociedade civil que há muito afirmam ser bastiões de defesa de direitos e liberdades”.
E não existe a possibilidade de ter havido erro no ataque israelense. As pequenas casas onde os trabalhadores da comunicação estavam hospedados tinham pelo menos dois carros estacionados ao lado delas com grandes letras brancas maiúsculas “PRESS” no capô, um dos quais pode ser visto nas imagens tiradas no local do ataque.
O Committee to Protect Journalists (CPJ), sediado em Nova York, contabilizou que pelo menos 128 profissionais de mídia foram mortos nos últimos meses. Já as Nações Unidas apontam que mais de 170 trabalhadores de mídia foram mortos pelas forças genocidas israelenses desde 7 de outubro de 2023.
JORNALISTAS REPORTAVAM OS CRIMES EM GAZA
O professor da Universidade de Edimburgo, Nicola Perugini, observou que os jornalistas “estavam cobrindo a nova fase do genocídio, o despovoamento completo do norte de Gaza”.
“O objetivo é transformar as últimas testemunhas em alvos”, frisou.
O grupo internacional de liberdade de imprensa Repórteres Sem Fronteiras (RSF), sediado em Paris, já apresentou diversas queixas no Tribunal Penal Internacional alegando “crimes de guerra contra jornalistas em Gaza”, incluindo o ataque intencional a profissionais da mídia.
Em documento, a RSF disse que “tem motivos razoáveis para pensar que esses jornalistas foram mortos deliberadamente e que outros também foram vítimas de ataques deliberados das Forças de Defesa de Israel(IDF) contra civis” e acusou Israel de pretender “erradicar a mídia palestina”.
Na terça-feira (22), uma dúzia de membros do Congresso dos EUA liderados pelo senador Bernie Sanders instaram o governo Biden — que apóia Israel com bilhões de dólares em ajuda militar e cobertura diplomática — a investigar os ataques israelenses a jornalistas, incluindo o editor adjunto da Al Jazeera, Dylan Collins, que estava com um grupo de outros repórteres cobrindo confrontos transfronteiriços entre Israel e o Hezbollah no sul do Líbano quando um tanque das FDI abriu fogo contra a posição, apesar de sua clara identificação como imprensa. Collins e outros cinco ficaram feridos. O jornalista libanês da Reuters, Issam Abdallah, foi morto na ocasião, informou o site Commondreams.