Elmar Nascimento (União-BA) chegou a ser considerado o favorito do presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), mas acabou preterido pelo alagoano, que lançou Hugo Motta (Republicanos-PB) para a eleição em fevereiro à Presidência da Casa
Após o lançamento oficial da candidatura do deputado Hugo Motta (Republicanos-PB) à Presidência da Câmara, seguido da declaração de apoio do presidente Arthur Lira, o deputado Elmar Nascimento (União-BA) confirmou a candidatura dele e pregou contra “unanimidades artificiais”. Disse, ainda, que Motta é “convergência ruim” para a Câmara dos Deputados.
Estes embates demonstram que o clima da Casa já é de disputa. A eleição para a Presidência da Mesa Diretora da Câmara vai ocorrer em 1º de fevereiro de 2025.
Elmar chegou a ser visto como o favorito de Lira para sucedê-lo. No entanto, o alagoano decidiu apoiar Motta para a eleição marcada para fevereiro. O atual presidente entende que Motta une mais os deputados e pode encontrar ampla convergência para o nome dele.
MENSAGENS PELAS REDES SOCIAIS
“Minha candidatura se firma na renovação e no fortalecimento da democracia, valorizando a diversidade de pensamentos. Não buscamos consensos artificiais, mas espaços para a saudável disputa de ideias. O objetivo é permitir que surjam as melhores decisões para o País, assegurando a participação efetiva dos 513 deputados desta Casa”, disse ele, em sequência de mensagens no X.
Nascimento disse que o apoio de Lira a Hugo Motta é legítimo, mas argumentou que “a condução da Câmara dos Deputados não deve buscar uma unanimidade artificial, reduzida a uma única vontade”.
Segundo ele, o essencial, na perspectiva democrática, é incentivar o debate. Citando Nelson Rodrigues, afirmou que toda unanimidade é burra, e quem pensa com a unanimidade não precisa pensar.
“VALORIZAÇÃO DA DIVERGÊNCIA”
“A força desta Casa está na valorização da divergência e no confronto de perspectivas. Decidimos com base na maioria, assegurando que cada proposta seja debatida de forma ampla e transparente. Nos últimos anos, superamos desafios com diálogo e soluções viáveis”, disse Elmar.
“Mas o verdadeiro valor do Parlamento é a pluralidade. A presidência deve garantir liberdade para cada deputado expressar suas ideias e deliberar com autonomia”, acrescentou.
Nascimento disse também que a eleição de fevereiro definirá o futuro da instituição e sua relevância política. “Precisamos de uma presidência aberta a novas ideias e que represente a diversidade de interesses deste Parlamento. Conto com o apoio dos colegas que acreditam no debate e na pluralidade como forças desta Casa. Juntos, construiremos uma gestão transparente e sólida, sempre em benefício do Brasil e de seus cidadãos”, afirmou.
PRETERIDO POR LIRA
Após ser preterido em setembro, Elmar rompeu relações com o presidente da Câmara, de quem era amigo pessoal. Ambos só voltaram a conversar em outubro, de forma protocolar, quando Lira fez ligação para o deputado do União para falar sobre votações no plenário da Casa.
Elmar condenou a forma como Lira conduz a Câmara, disse que há esvaziamento das comissões e criticou a profusão de requerimentos de urgência para votação diretamente no plenário. Ele também acusou o deputado alagoano de ter atuado como “líder” do governo Bolsonaro pela atuação dele como presidente da Casa na gestão do ex-presidente.
“Vocês assistiram ao primeiro mandato do presidente Arthur Lira, ele diz que é tão a favor da convergência, que ele foi presidente da Câmara e líder do governo Bolsonaro ao mesmo tempo modificando, inclusive, o regimento para tirar a capacidade de obstruir da Câmara dos Deputados. Não pode agora vir dizer que essa Casa tem que ser a Casa do consenso”, cutucou Elmar.
DECEPÇÃO COM LIRA
Elmar negou que tenha chamado Lira de “traidor” e “desleal”, mas admitiu a decepção com o antigo amigo.
Por fim, o líder do União Brasil reforçou o acordo que fez com o deputado Antonio Brito (PSD-BA), que também disputa a presidência da Câmara.
“Reconhecemos afinidades e valores comuns com o colega Antonio Brito, consolidando princípios que norteiam nossas campanhas. Estabelecemos uma aliança estratégica: quem avançar ao segundo turno terá o apoio do outro”, afirmou.