Unicef e ONU condenam leis aprovadas pelo parlamento israelense que proibem a agência para refugiados palestinos de atuar na Faixa de Gaza
O Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) alertou nesta terça-feira que a proibição da atuação da UNRWA por Israel destruirá o sistema humanitário na Faixa de Gaza, lamentando “ter sido encontrada uma nova forma de [ali] matar crianças”.
“Se a UNRWA não puder operar, é provável que assistamos ao colapso do sistema humanitário em Gaza”, declarou o porta-voz do Fundo, James Elder, explicando a jornalistas em Genebra que “a UNICEF ficaria efetivamente incapaz de distribuir suprimentos que salvam vidas. Estou falando de vacinas, roupas de inverno, kits de higiene, kits de saúde, água e saneamento. Então, uma decisão como essa de repente significa que foi encontrada uma nova maneira para matar crianças”.
LEIS GENOCIDAS
O Knesset – o parlamento israelense – aprovou na segunda-feira (28), com ampla maioria, duas leis que ameaçam o trabalho de ajuda da UNRWA na Faixa de Gaza, apesar das objeções até dos Estados Unidos e dos alertas do Conselho de Segurança da ONU.
As leis têm o poder de proibir as operações da UNRWA em territórios israelenses e dissolver a organização, inacreditavelmente classificada por Israel como uma organização terrorista.
A agência da ONU é a principal fornecedora de ajuda humanitária na Faixa de Gaza. A decisão do parlamento israelense pode ameaçar não só o seu trabalho, como gerar um efeito cascata em toda a ajuda ao enclave, dado o controle de travessias de fronteira por Israel.
SEM A UNRWA É O COLAPSO HUMANITÁRIO EM GAZA, DIZ ONU
O Secretário-Geral das Nações Unidas, Antonio Guterres, também se pronunciou sobre a medida, afirmando que a decisão de Israel de proibir a atuação da Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina (UNRWA) no país “pode ter consequências devastadoras para os refugiados palestinos no Território Ocupado, o que é inaceitável”.
“Em meio a toda essa agitação, a UNRWA, mais do que nunca, é indispensável. A UNRWA, mais do que nunca, é insubstituível”, assegurou Guterres, nesta terça-feira (29/10), em comunicado.
A lei genocida de Netanyahu impede a organização de operar na prática em território israelense e nos territórios palestinos, revogando um diploma de 1967 que servia de base à sua atuação, em curso nos últimos 75 anos.
“Sem a UNRWA, a entrega de alimentos, assistência médica, educação, entre outras coisas, para a maioria da população de Gaza, será interrompida. Os civis já pagaram o preço mais alto deste conflito. Verdadeiramente, esta decisão só tornará as coisas piores para eles, muito piores”, insistiu o porta-voz do escritório de direitos humanos da ONU, Jeremy Laurence.
Tarik Jasarevic, da Organização Mundial da Saúde (OMS), assinalou que cerca de um terço dos profissionais de saúde que ajudam na campanha de vacinação contra a poliomielite em andamento para crianças em Gaza trabalham com a UNRWA, que tem cerca de 1.000 profissionais de saúde atuando no território.