7 milhões de brasileiros estão desempregados, 40 milhões trabalhando sem carteira e 25,4 milhões fazendo “bico”
A taxa de desocupação no país, apurada pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad), recuou para 6,4% da população no trimestre encerrado em setembro em 2024.
Os dados foram divulgados nesta quinta-feira (31) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e destacou que se trata de uma das menores taxas de desocupação da história da pesquisa, perdendo apenas para o registrado para o trimestre encerrado em dezembro de 2013 (6,3%).
Em números, o total de pessoas sem trabalho foi de 7 milhões. Apesar de alto, é o menor contingente desde o trimestre encerrado em janeiro de 2015 e representa um recuo de 7,2% em relação ao trimestre anterior, e de 15,8% na comparação com 2023. Já a população ocupada soma 103 milhões, recorde histórico, com crescimento de 1,2% ante o trimestre e de 3,2% no ano.
Com a análise desses dados, a estatística do IBGE considera que 58,4% das pessoas em idade de trabalhar no Brasil estão empregadas. O IBGE classifica como desocupadas as pessoas sem trabalho que estavam procurando ocupação no período de recolhimento dos dados da pesquisa.
O desemprego apurado no trimestre encerrado em setembro foi menor que no trimestre anterior, encerrado em junho, quando a taxa era de 6,9%. Em igual período do ano passado, o percentual de brasileiros que estavam procurando emprego sem encontrar era maior: de 7,7%.
Adriana Beringuy, coordenadora da pesquisa pelo IBGE, afirma que o crescimento da população ocupada pode ser explicado pelo melhor desempenho da atividade econômica do país, expandido por todas as categorias, além do aumento do consumo das famílias.
“Se antes, no imediato pós-pandemia, a recuperação foi muito setorizada nas atividades de indústria e alguns serviços operacionais, para posteriormente ser extrapolado para outras atividades, como comércio e, por último, os serviços presenciais, hoje a gente tem um processo de expansão que envolve diversas atividades econômicas”, diz.
“A indústria e o comércio foram os grupamentos de atividade que puxaram o aumento da ocupação no trimestre, com altas, respectivamente, de 3,2% e de 1,5% em seus contingentes. Juntos, esses dois grupamentos absorveram 709 mil trabalhadores, na comparação trimestral (416 mil da Indústria e 291 mil do Comércio)”, afirma o IBGE em nota.
TRABALHO INFORMAL CRESCE
À medida que a desocupação recua, cresce o número de trabalhadores que se dedicam ao emprego informal e por conta própria, sem proteção social e direitos trabalhistas. Atualmente, a soma entre os que estão na informalidade e os que se viram sozinho é de 65 milhões, enquanto 39 milhões de pessoas trabalham com carteira assinada.
De acordo com a Pnad, a taxa de informalidade sobre a população ocupada foi de 38,8% no trimestre, avanço de 0,3% pontos ante o período anterior.
A população desalentada (que por diversos motivos, deixaram de procurar trabalho) soma 3,1 milhões de pessoas, o que representa uma estabilidade no trimestre e um recuo de 11,3% no ano.
Trimestre encerrado em setembro de 2024:
Taxa de desocupação: 6,4%
População desocupada: 7 milhões de pessoas
População ocupada: 103 milhões
População fora da força de trabalho: 66,4 milhões
População desalentada: 3,1 milhões
Empregados com carteira assinada: 39 milhões
Empregados sem carteira assinada: 14,3 milhões
Trabalhadores por conta própria: 25,4 milhões
Trabalhadores domésticos: 5,9 milhões
Empregadores: 4,3 milhões
Trabalhadores informais: 40 milhões
Taxa de informalidade: 38,8%
Rendimento real fica “estável” no trimestre
O rendimento médio real das pessoas ocupadas foi de R$ 3.227 no trimestre encerrado em agosto, sem mostrar variação estatisticamente significativa frente ao trimestre móvel anterior e com alta de 3,7% quando comparado ao mesmo trimestre móvel de 2023.
Já a soma das remunerações de todos os trabalhadores, que é a massa de rendimentos, chegou a R$ 327,7 bilhões, mantendo estabilidade no trimestre e subindo 7,2% na comparação anual.