Vencedor do leilão agradeceu a Tarcísio e disse que irá apoiá-lo futuramente: “Espero que o senhor esteja aqui até 2030”
Por R$ 600 milhões, o consórcio Aposta Vencedora venceu na manhã de hoje (1) o leilão de privatização promovido pelo governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas para entregar à iniciativa privada o serviço estadual de loterias.
O líder do consórcio Aposta Vencedora é Alexandre Manoel da Silva, que foi secretário de loterias nos governos Temer e Bolsonaro.
Silva foi secretário de Avaliação de Políticas Públicas, Planejamento, Energia e Loteria, entre 2018, ainda no governo de Michel Temer, e 2020, no governo de Jair Bolsonaro. A secretaria era subordinada ao Ministério da Fazenda (que se tornou ministério da Economia sob Bolsonaro). Ele deixou o governo alegando motivos pessoais.
Também trabalhou na formulação de um modelo de concessão da Lotex, conhecida como raspadinha. O governo Bolsonaro tentou passar a Lotex para a iniciativa privada, mas não conseguiu.
Ao ser questionado se o governador Tarcísio de Freitas conhecia Alexandre Manoel, o secretário de Parcerias e Investimentos do estado, Rafael Benini, disse: “Eu conheci ele agora, tive reunião com ele e com o outro grupo. O que ele me disse foi que ele falou uma vez com o governador no PPI do governo Temer”.
Em discurso após o leilão, o ex-funcionário de Bolsonaro agradeceu ao governador e deu destaque às pretensões eleitorais de Tarcísio, colocando em evidência as reais intenções das negociatas de Tarcísio. “Honestamente, espero que o senhor esteja aqui até 2030. Se estiver só até 2026, Deus é quem sabe. Mas, se estiver até 2030, seremos parceiros, como acontece no mundo desenvolvido, na alegria e na tristeza”.
O governo alega que o consórcio Aposta Vencedora foi escolhido porque ofereceu o maior valor para receber a concessão de exploração das loterias. Além do consórcio Aposta Vencedora, liderado pela portuguesa SAV Participações, o consórcio SP Loterias, liderado pela italiana IGT Global Services, também se credenciou para a disputa, mas acabou vencido.
Pelo modelo escolhido, o governo do Estado ficará com apenas 35% da receita operacional bruta ao longo da concessão, disse o secretário de Parcerias e Investimentos do estado, Rafael Benini.
ENTREGUISMO DESENFREADO
Tarcísio confirmou que esta é mais uma iniciativa do seu plano privatista e afirmou que pretende demolir o patrimônio do Estado de São Paulo para “gerar R$ 500 bilhões com parcerias com a inciativa privada”.
O consórcio poderá explorar o serviço de forma física ou virtual. Ele não terá a obrigação de oferecer todas as modalidades de jogos porque terá de assumir as responsabilidades e os riscos do negócio, de acordo com os parâmetros do contrato.
Serão duas modalidades de jogos: as instantâneas e as de prognósticos. Na modalidade de loterias instantâneas, o apostador sabe o resultado imediatamente, como a raspadinha, quando o apostador apenas confere o resultado predeterminado.
Desde que assumiu o governo, Tarcísio atua quase que unicamente privatizando o patrimônio paulista, com seus vídeos “empunhando o martelo” ficando cada vez conhecidos. Em claros ataques contra a população, ele já entregou o controle da maior empresa de saneamento da América Latina, a Sabesp, para o grupo Equatorial Energia, que oferece um serviço considerado pior que o da Enel dos apagões.
Tarcísio também privatizou trechos das linhas da CPTM, que sofrem com as panes da ViaMobilidade e rodovias do litoral paulista, como a Padre Manoel da Nóbrega onde, em um trecho de 70 quilômetros, ele prevê instalar 10 praças de pedágio.
A sanha privatista do bolsonarista não para por aí. Na última semana, ele realizou um leilão para privatizar 17 escolas estaduais e entregar a gestão delas para uma empresa gestora de cemitérios, também privatizados, na cidade de São Paulo.
O custo do contrato: R$ 3,3 bilhões.