A Polícia Federal encontrou mais provas sobre a organização do golpe durante o governo Bolsonaro em arquivos deletados no celular de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro que fechou um acordo de colaboração premiada. As informações são de Daniela Lima, do g1.
As provas se referem à participação do antigo governo no golpe do dia 8 de janeiro de 2023 e no monitoramento de autoridades, como ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).
Os arquivos foram acessados através de uma nova tecnologia adquirida pela PF.
Os investigadores cruzaram essas provas com as informações obtidas nos aparelhos apreendidos de outros investigados no inquérito. “A PF conseguiu fechar uma trama”, afirmou Daniela Lima na GloboNews.
Ainda não está claro como ficará a situação da delação de Mauro Cid, uma vez que ele não entregou o acesso a essas provas à Polícia Federal.
Um dos envolvidos no planejamento do golpe, Alexandre Ramagem (PL-RJ), que era chefe da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) no governo de Jair Bolsonaro, prestou depoimento à PF nesta terça-feira (5).
As provas já obtidas pelos investigadores mostram que Ramagem utilizou a Abin no plano golpista. O chamado “núcleo de inteligência” da organização criminosa monitorou “a agenda, o deslocamento aéreo e a localização de diversas autoridades” para “garantir sua captura e a detenção nas primeiras horas do início daquele plano”.
Entre os espionados estão ministros do STF, como Alexandre de Moraes e Gilmar Mendes, e o presidente do Senado Federal, Rodrigo Pacheco.
O ex-presidente Jair Bolsonaro produziu, junto com seus assessores, um decreto presidencial que instalaria a ditadura, a começar pela anulação do resultado das eleições que elegeram Lula.
Bolsonaro levou a proposta de golpe para os então comandantes das Forças Armadas, mas eles não aderiram. Apenas o então ministro da Marinha, Almir Garnier Santos, aceitou ao golpe. Tanto Freire Gomes, que comandava o Exército, quanto Batista Júnior, então comandante da Aeronáutica, confirmaram o caso à PF e se recusaram a participar do golpe.
A quadrilha ainda contava com um “núcleo de desinformação e ataques ao sistema eleitoral”, que focava em disseminar fake news sobre as urnas eletrônicas, visando desacreditá-las na população.
O procurador-geral da República, Paulo Gonet, afirmou que “a atuação da organização criminosa investigada foi essencial para a eclosão dos atos depredatórios ocorridos em 8 de janeiro de 2023”.
O inquérito deve ser encerrado até o final de novembro, segundo decidiu o relator Alexandre de Moraes. Lauro Jardim, colunista do Globo, apurou que o ex-chefe da Abin, Alexandre Ramagem, deve aparecer entre os indiciados pela PF.
Após a conclusão do inquérito, a Procuradoria-Geral da República (PGR) analisa se vai oferecer uma denúncia à Justiça ou não.