Em meio às pressões dos banqueiros e da mídia por cortes de gastos sociais e nos investimentos públicos, o presidente Lula (PT) afirmou, na terça-feira (5), que é proibido falar em gasto com educação no seu governo.
A declaração foi dada durante a abertura da 21ª Semana Nacional de Ciência e Tecnologia, no Museu Nacional da República, em Brasília. Lula fez um discurso em defesa da educação, uma das áreas onde a Fazenda quer cortar.
“Desde minha primeira reunião como presidente em 2003, [eu disse] nesse governo vai ser proibido utilizar a palavra gasto quando a gente falar em educação. Educação é investimento e investimento de mais retorno que um país pode ter. Nada, nada pode dar mais retorno que educação”, enfatizou Lula.
Uma das manobras da equipe econômica para cortar na Educação é o aumento de 30% para 60% da parcela dos recursos do Fundeb (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação) que seria contabilizada no piso constitucional da Educação. O Ministério da Fazenda quer também incorporar os gastos do programa pé-de-meia na complementação do Fundeb.
A resistência de Lula aos cortes da Fazenda se soma ao posicionamento de outros integrantes do governo que estão se colocando contra o pacote de cortes.
O ministro da Trabalho, Luiz Marinho, chegou a dizer que só se ele fosse demitido haveria alterações no Seguro Desemprego, no abono salarial e na multa do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS).
A mídia já vinha noticiando que a Fazenda estava fazendo estudos neste sentido. Na mesma direção se pronunciou o ministro da Previdência Social, Carlos Lupi. Ele disse que não aceita redução de direitos previdenciários que, segundo ele, são constitucionais. Estava na mira de Haddad e Simone Tebet a desvinculação dos benefícios do salário mínimo.
Fernando Haddad cancelou uma viagem internacional e voltou a Brasília para intensificar a pressão pelos cortes pedidos insistentemente pelos bancos, de acordo com uma nota do Ministério da Fazenda divulgada no domingo (3).
A mudança de planos atendeu a um pedido do presidente Lula, segundo a pasta. Inicialmente, o ministro cumpriria agenda na Europa, passando por França, Reino Unido, Alemanha e Bélgica. As primeiras reuniões com os ministros não chegaram a nenhuma conclusão ou acordo.