São Paulo, maior parque industrial do país, variou 0,9% em setembro, com maior contribuição do setor de derivados do petróleo, segundo IBGE
A produção industrial do país recuou em oito dos 15 locais pesquisados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) na passagem de agosto para setembro. Os dados regionais, divulgados pelo Instituto nesta quinta-feira (7), mostram quedas importantes nas indústrias do Ceará (-4,5%), Amazonas (-3,1%) e Pernambuco (-2,6%).
No Ceará, os principais impactos vieram da queda na indústria química e de calçados; no Amazonas, o recuo veio de equipamentos de informática e produtos eletrônicos. Em Pernambuco, foi a indústria de veículos e equipamentos de transporte que arrefeceu. As outras regiões que registraram queda foram: Pará (-0,8%), Região Nordeste (-0,5%), Bahia (-1,6%), Minas Gerais (-1,2%) e Rio de Janeiro (-1%).
Em São Paulo, maior parque industrial do país, a produção variou 0,9% em setembro – resultado abaixo da média nacional (de 1,1% no mês) e que não recupera a perda acumulada em dois meses seguidos de queda antecedentes.
“Esse avanço vem depois de dois resultados negativos, que acumularam uma perda de 2,4%. Em setembro, o setor de derivados do petróleo foi o que mais contribuiu para o comportamento da indústria paulista”, diz Bernardo Almeida, gerente da pesquisa pelo IBGE.
Em setembro, a indústria paulista se encontrava 1,5% acima do patamar pré-pandemia e 21,4% abaixo do patamar mais alto da indústria, alcançado em março de 2011.
Dentre as regiões que tiveram resultado mais significativos entre agosto e setembro, registra-se o Espírito Santo (2,4%) e Goiás (2,4%), após recuarem no mês anterior: -0,9% e -0,4%, respectivamente.
Na comparação com setembro de 2023, a indústria avançou 3,4%, com taxas positivas em 14 dos 18 locais pesquisados. Já no acumulado de 12 meses, houve alta de 2,6%.
INDÚSTRIA DEFENDE REDUÇÃO DOS JUROS
Entidades do setor alertam para os prejuízos causados pelo novo ciclo de alta dos juros promovido pelo Banco Central, que elevou a taxa básica da economia em meio ponto percentual na reunião de quinta-feira (6) para 11,25%. Considerando os juros reais (descontada a inflação), está entre os mais altos do mundo.
De acordo com a Confederação Nacional da Indústria (CNI), “em vez de subir a Selic, o foco deve ser a retomada dos cortes na taxa de juros”. “Só assim o país conseguirá avançar na agenda de redução do custo financeiro suportado pelas empresas, que se acumula ao longo das cadeias produtivas, e pelos consumidores. Caso contrário, continuarão penalizando não só a economia brasileira, mas, principalmente os brasileiros, com menos empregos e renda”, manifestou a entidade após reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do BC.
Para a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), “o novo ciclo de aumento da taxa de juros contribui para a piora das condições de acesso ao crédito”. “Devido aos efeitos defasados da política monetária, as decisões de aumentar a taxa de juros, sobretudo em um ambiente em que as condições financeiras já estavam restritivas, terão efeitos sobre o custo dos novos financiamentos e, consequentemente, sobre a dinâmica de atividade industrial nos trimestres à frente”, manifestou a entidade ao avaliar o resultado da produção industrial do mês de setembro no início do mês.