“Enquanto a liderança do Partido Democrática defende o status quo, o povo norte-americano está irado e quer mudança. E ele está certo”, afirma o senador Bernie Sanders em declaração emitida assim que a candidata democrata Kamala Harris perdeu a eleição presidencial.
Para o senador, o resultado “não deveria ser uma grande surpresa”, uma vez que “abandonou a classe trabalhadora” e, assim, foi abandonado por ela.
Bernie conclama as organizações populares ligadas ao partido a entrarem em ‘discussões políticas sérias” para tomar o partido das mãos e diretrizes emanadas de uma oligarquia que enriquece enquanto “a grande maioria dos trabalhadores vive de um contracheque para o outro”
Segue a declaração de Bernie Sanders:
Não deveria ser uma grande surpresa que um Partido Democrático que abandonou a classe trabalhadora percebesse que a classe trabalhadora o abandonou. Em primeiro lugar foi a classe trabalhadora branca e agora são também os operários latinos e negros.
Enquanto a liderança democrática defende o status quo, o povo américa está irado e quer mudanças. E ele está certo.
Hoje, enquanto os muito ricos estão se dando fenomenalmente bem, 60% dos norte-americanos vivem de contracheque a contracheque. Temos mais renda e riqueza como nunca antes e mais desigualdade quanto à distribuição destas riquezas.
Inacreditavelmente, os salários semanais, reais, com referência na inflação, para o americano médio são atualmente mais baixos do eram a 50 anos atrás.
Hoje, apesar de uma explosão em tecnologia e produtividade no trabalho, muitas pessoas jovens tem um padrão de vida pior do que seus pais. E muitos deles se preocupam de que com o advento da Inteligência artificial e com a robótica isso tornara uma situação ruim ainda pior.
Hoje, apesar das despesas per capita ser maior do que outros países, permanecemos a única nação rica que não garante assistência à saúde para todos como um direito humano e pagamos, de longe, os mais elevados preços para recebermos prescrição de medicamentos. Nós, estamos sós entre os países mais desenvolvidos que não oferecem dispensa para tratamento médico e auxílio-família.
Hoje, apesar da oposição da maioria dos americanos, continuamos a gastar bilhões financiando o governo extremista de Netanyahu em sua guerra total contra o povo palestino que levou a um horrendo desastre de desnutrição em massa e milhares de crianças à fome.
Será que os donos do grande capital e bem pagos consultores que controlam o Partido Democrata aprenderão alguma lição desta campanha desastrosa? Será que vão entender a dor e a alienação política que fazem sofrer dezenas de milhões de americanos? Será que eles têm a algumas ideias de como é possível tomar o poder partidário da crescentemente poderosa oligarquia que tem tanto poder econômico e político? Provavelmente não.
Nas próximas semanas e meses aqueles entre nós preocupados com a democracia com uma raiz de base e justiça econômica precisam desenvolver discussões políticas muito sérias.