“Não temos nada para comemorar, a não ser a nossa resistência”, abriu a entrevista o atual presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do Sul Fluminense, Edmar Miguel. Há exatamente 36 anos tropas do Exército, sob comando do general José Luiz Lopes, executaram a tentativa frustrada e desastrada de desocupar a planta da maior siderúrgica do país, símbolo da nossa industrialização, a Companhia Siderúrgica Nacional, CSN.
Era um 9 de novembro como hoje. Os 30 mil trabalhadores, depois de uma greve tartaruga, a seguir de uma greve de uma hora, haviam decidido ocupar a empresa para garantir a preservação e a segurança das máquinas e equipamentos. Os operários só desocuparam as instalações, por decisão em assembleia, em 30 de novembro, 21 dias depois da malfadada intervenção armada do dia 9, que teve como saldo o assassinato de 3 operários e dezenas de feridos, para a já estressada conta dos militares. Eram eles; William Fernandes, de 22 anos, Valmir Monteiro, 27anos e Carlos Augusto, de 19 anos. O 22º Batalhão veio de Petrópolis, porquê os soldados e policiais militares de Volta Redonda não conseguiram realizar a operação.
Metalúrgico, na época, com 32 anos, hoje aposentado, foi quem nos contou a epopeia. Fábrica já desocupada, turno da noite, ele e seus companheiros foram novamente surpreendidos, por uma mega explosão. Terrorismo? Certamente. O atentado temporão destruiu o monumento em homenagem aos três heróis, criação de Niemeyer e inaugurado no 1º de maio.
O ano de 1988 era o ano da consolidação da democracia no Brasil, da promulgação da Constituição mais nacionalista da nossa história. O ânimo dos trabalhadores era grande. Brizola, governador, contava com a confiança dos cariocas e se preparava par disputar a presidência do Brasil. Mas havia um cheiro incontinente no ar. A política econômica de Bresser Pereira jogava, através do arrocho salarial, nas costas do trabalhador os freios da hiperinflação. Já se falava em Collor e o Consenso de Washington batia às portas. “Aqui, conquistamos na empresa as 6 horas de trabalho e vários companheiros foram readmitidos. O fato é que o sangue derramado nos dá folego para seguirmos em frente”; disse o presidente
CARLOS PEREIRA