Resultado “reflete uma certa concentração do consumo em itens prioritários, como alimentos e medicamentos”, avalia o IBGE
Após a queda de 0,2% em agosto, as vendas do comércio varejista cresceram 0,5% em setembro de 2024, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), nesta terça-feira (12).
A alta de meio por cento nas vendas do comércio varejista em setembro – um resultado que ficou abaixo das expectativas do “mercado” – veio puxado, principalmente, pelas vendas do segmento de “Outros artigos de uso pessoal e doméstico”, com alta de 3,5%, mas também contou com o empurrão das vendas de combustíveis e lubrificantes (2,3%), artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, e de perfumaria (1,6%) e hiper, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (0,3%).
O gerente de pesquisa do IBGE, Cristiano Santos, afirma que “no mês de setembro, o setor que contempla as lojas de departamento teve um crescimento mais pronunciado, de 3,5% em volume, na margem, observa Santos, ao ressaltar que “tal crescimento veio depois de uma queda forte em agosto, de 4,5%”.
Mais influenciados pelo ambiente de crédito no país, que sofre restrições pela política de juros alto do Banco Central (BC), as vendas de móveis e eletrodomésticos recuaram -2,9%; de equipamentos e material para escritório, informática e comunicação caíram -1,8%; de tecidos, vestuário e calçados retraíram -1,7%. Também houve queda nas vendas de livros, jornais, revistas e papelaria (-0,9%).
Cristiano Santos ressalta que os setores de hiper e supermercados e artigos farmacêuticos são as atividades que têm sustentado o varejo ao longo dos meses do ano.
“Isso não foi diferente na passagem de agosto para setembro, o que reflete uma certa concentração do consumo em itens prioritários, como alimentos e medicamentos”, comenta Santos.
Com a economia brasileira atrelada a mais de 40 milhões de pessoas no mercado de trabalho informal – na sua maioria com jornadas exaustivas e remuneração muitas vezes abaixo do salário mínimo – e outros 7 milhões de desempregados, o Banco Central (BC) decidiu na última quarta-feira (6) elevar o nível da taxa base de juros (Selic) em 0,5 ponto, que saiu de 10,5% para 11,25% ao ano, para restringir ainda mais o consumo de bens e serviços, além dos investimentos no país.
Frente a setembro de 2023, o comércio varejista na modalidade restrita subiu 2,1%, na série sem ajuste sazonal. No ano, acumula alta de 4,8%, enquanto o acumulado nos últimos 12 meses ficou em 3,9%.
Na modalidade do comércio varejista ampliado – que inclui veículos, motos, partes e peças, material de construção e atacado de produtos alimentícios, bebidas e fumo, o volume de vendas subiu 1,8% em comparação com o mês imediatamente anterior (-0,4%), já descontados os efeitos sazonais.
Em setembro, as vendas de veículos e motos, partes e peças subiram 6,6% frente a agosto (-5,8%). Já as vendas de material de construção cresceram 1,1%, após alta de 0,4% em agosto.
Sem ajuste sazonal, as vendas do varejo ampliado ficaram 3,9% em alta em relação a setembro de 2023. No acumulado do ano, cresceram 4,5% e, em 12 meses, subiram 3,8%.