“Estaremos aqui nas trincheiras do Congresso Nacional para lutar” contra um pacote fiscal que, “além de injusto, seria relegar os mais vulneráveis à própria sorte”
O deputado Orlando Silva (PcdoB-SP) denunciou nesta quinta-feira (14), em suas redes sociais, ao repercutir sua entrevista à revista Carta Capital, a intenção da equipe econômica do governo de realizar cortes de verbas sociais e de investimentos públicos para atender às exigências do “mercado”. Ele disse que o país “está às voltas com esse pacote há quase um mês”.
“É uma cilada, agenda sob encomenda do mercado, que deseja avançar sobre vinculações constitucionais e direitos sociais. Lula está correto ao se negar a fazer ajuste nas costas dos pobres. Opinião”, afirmou o deputado, referindo-se à protelação do presidente Lula em anunciar o pacote exigido quase diariamente por integrantes da equipe econômica e pelos porta-vozes dos bancos.
“Os tubarões sentiram cheiro de sangue e querem avançar em vinculações constitucionais, como os investimentos em Saúde e Educação, e, principalmente, contra a seguridade social mais elementar, que ainda garante um mínimo de tônus ao esgarçado tecido social brasileiro”, denunciou o parlamentar paulista.
“Cortar benefícios sociais ou desvinculá-los do salário mínimo, além de injusto, seria relegar os mais vulneráveis à própria sorte. Acabar ou limitar o aumento real do salário-mínimo, outra possibilidade sempre desejada pelos tubarões do mercado, além de ir contra um projeto que o próprio governo Lula reconstruiu, seria eliminar uma das principais políticas de transferência de renda e impulsionadora do consumo e do crescimento econômico”, alertou Orlando.
“Mais grave, o pacote fiscal, tema encomendado pela banca financeira e seus ventríloquos na política e na imprensa, a depender de como for encaminhado, tem alto potencial para gerar desgastes com a base política e social de apoio ao presidente Lula”, apontou o deputado do PCdoB.
“Muito se fala sobre a relação dívida/PIB como indicador de que estamos em maus lençóis. É curiosa essa régua, só vale quando é um governo de algum compromisso social”, criticou Orlando Silva. “Michel Temer, tido como quintessência do liberalismo econômico por ter massacrado os direitos trabalhistas, assumiu o País com uma dívida de 42,81% em relação ao PIB, em agosto de 2016, mas entregou com 52,77% em dezembro de 2018 – um salto de 10%! Bolsonaro entregou com 56,13%, depois de ter superado 61% na pandemia”, lembrou.
“Mais interessante ainda”, prosseguiu Orlando, “é que a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), que propôs uma série de medidas de austeridade ao Brasil — entre elas uma nova reforma de Previdência e a desvinculação de benefícios sociais ao salário mínimo —, tem no rol de seus países-membros uma dívida que superou 113% do PIB em 2022”.
Por isso, conclui o deputado, “está correto o presidente Lula quando afirmou que não é possível fazer ajuste fiscal em cima dos pobres. Estaremos aqui nas trincheiras do Congresso Nacional para lutar por essa diretriz. Se cortar é preciso, que os mais ricos paguem a conta”.