Se prevalecer o que querem os banqueiros e a equipe de Haddad, o que virá é a recessão, o desemprego e a piora da miséria
Os setores mais retrógrados da sociedade, os parasitas que vivem da especulação financeira estão prestes a impor ao país uma política de arrocho fiscal, cortes de investimento e elevação das taxas de juros que, juntas, vão frear o discreto crescimento da economia observado nos últimos meses e afundar o país na recessão. O presidente da República tem resistido às pressões do “mercado” financeiro e de seus representantes na mídia e no próprio governo.
MÍDIA E BANQUEIROS
No entanto, mídia e banqueiros estão intensificando as chantagens e levando o presidente a dar sinais de rendição a essa política desastrosa. Além dos efeitos políticos devastadores, esta rendição levará o país a interromper as atividades econômicas e fazer a atual discreta recuperação econômica parecer novamente um “voo de galinha”, como alertou o economista José Luis Oreiro. “Sem investimentos, o crescimento não se sustenta”, disse ele.
Sob o pretexto falso de que o país estaria entrando numa crise fiscal, os neoliberais, dentro e fora do governo, estão exigindo cortes orçamentários imediatos e redução “estrutural” nos gastos sociais. Por isso, falam não só em cortes no BPC (Benefício de Prestação Continuada), dirigido aos idosos miseráveis, como também na desvinculação das aposentadorias do salário mínimo e, inclusive, querem o fim da pequena recuperação real do poder de compra do salário mínimo, reintroduzida por Lula.
Banqueiros e setores do governo já falam aberta e cinicamente na “necessidade” de uma nova Reforma da Previdência, para retirar o que resta de dignidade de quem, ao contrário dos parasitas do mercado financeiro, trabalhou a vida inteira e se aposentou. Já dificultaram ao máximo o direito à aposentadoria no Brasil. Agora querem estrangular os direitos previdenciários congelando os preventos e levando a miséria aos lares nacionais.
R$ 855 BILHÕES DE JUROS
Grosso modo são três as grandes despesas do governo. A primeira é a despesa da Previdência e Assistência Social, de cerca de R$ 1 trilhão, e que atende cerca de 70 milhões de pessoas. A segunda, é a despesa financeira, que rola quase R$ 2 trilhões de dívida e consome dos cofres públicos R$ 800 bilhões por ano, atendendo alguns milhares de especuladores com títulos do governo, e a terceira são os salários dos servidores e as transferências constitucionais a estados e municípios que, juntas, chegam próximo de R$ 900 bilhões e atendem a quase todo o país.
A dívida pública brasileira efetivamente vem crescendo e hoje a relação entre esta dívida e o PIB está em 76,6%, bem abaixo da relação dívida pública/PIB da grande maioria dos países. EUA está mais de 100%, Japão está próximo de 200%, Itália (137,3%), França (110,6%), Espanha (107,7%) e Bélgica (105,2%), só para citar alguns. Mas só aqui há uma grita histérica quando a relação passa de 76% para 77%. Como se o país fosse entrar em colapso com isso. Segundo o economista André Lara Resende, isso é pura mistificação e chantagem.
Sem falar que cerca de 80% do crescimento da dívida é provocado exatamente pelos juros escandalosos impostos ao país pelo Banco Central.
Ao invés de reduzir os juros, para reduzir a dívida e, assim, frear as despesas públicas, os banqueiros e integrantes do governo, particularmente, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, insistem em esfolar a sociedade, cortando gastos sociais e investimentos públicos para “equilibrar” as finanças públicas chamadas primárias, ou seja sem a despesa financeira. Leia-se, que esse “equilíbrio” é, na verdade, um esforço para sobrar mais para os bancos. Seu compromisso – de Haddad- não é com o país, mas apenas com os banqueiros e com a Faria Lima.
ELEVAÇÃO DA SELIC
Aliás, não só eles não reduzem os juros – mesmo com indicados por ele no BC – como estão agora subindo as taxas Selic (juro base da economia). Cada um ponto percentual de elevação da Selic, o governo é obrigado a desembolsar mais R$ 50 bilhões em pagamento de juros por ano. Ou seja, elevam os gastos com juros e querem “cortar na carne” da sociedade.
Diante dessa grande ameaça ao país, diversos economistas e personalidades estão denunciando os estragos que essa política trará ao Brasil e ao seu povo. Eles estão alertando ao presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, também sobre os efeitos políticos dessa política desastrosa defendida por Haddad e que só interessa aos parasitas da sociedade.
Os trabalhadores e empresários do setor produtivo vêm se articulando numa frente política contra os juros altos, pelo aumento dos investimentos públicos e contra cortes sociais. Em debate do diretor da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Rafael Lucchesi, na sede nacional da Central de Trabalhadores do Brasil (CTB), e os trabalhadores, realizado recentemente, observou-se a necessidade urgente de que essa frente se forme e essa luta siga em frente. Somente o fortalecimento dessa unidade e dessa luta conjunta impedirá o desastre, a recessão e a volta do fascismo.
REDUÇÃO DA JORNADA
Com toda a certeza, a atual luta pela melhoria das condições de trabalho e redução da carga imposta ao trabalhador brasileiro – que ora se destaca – só poderá ser vitoriosa se essa política neoliberal for definitivamente enterrada no Brasil. Se os cortes se concretizarem, os juros seguirem subindo e seguir imperando a lógica neoliberal, as condições de trabalho, que já são péssimas, vão piorar ainda mais.
Portanto a campanha contra a escala 6×1 só será uma bandeira viável de ser conquistada e possível de ser implantada se houver uma unidade firme dos trabalhadores com o empresariado produtivo nacional para, junto com os setores progressistas do sociedade, imporem uma derrota definitiva à sanha neoliberal em curso. Neste sentido é necessária uma hierarquização de prioridades das lutas. Eu colocaria em primeiro lugar, esmagar a política neoliberal e, em seguida, levantar bem alta a bandeira contra a escala 6×1.
SÉRGIO CRUZ