Total de dividendos pagos em 2024, até agora (R$ 64,5 bilhões), é superior ao lucro líquido da empresa no período, aponta Deyvid Bacelar, coordenador da FUP
O Conselho de Administração da Petrobrás aprovou nesta quinta-feira (21) o pagamento de dividendos extraordinários no valor de R$ 20 bilhões. Com essa decisão, o total de dividendos pagos aos acionistas até agora é de R$ 64,5 bilhões.
O coordenador-geral da Federação Única dos Petroleiros (FUP), Deyvid Bacelar, criticou a decisão da direção da estatal. “O volume de investimentos para essa área alcançou R$ 53,9 bilhões nos nove primeiros meses do ano. O total de dividendos pagos em 2024, até agora, é de R$ 64,5 bilhões, superior, inclusive, ao lucro líquido registrado no período”, apontou o sindicalista. O total de investimentos da Petrobrás nos nove meses até setembro de 2024 foi de US$ 10,9 bilhões.
“A Petrobrás precisa romper com uma visão de curto prazo e orientada à distribuição de dividendos bilionários aos acionistas, é papel da companhia acelerar os investimentos em direção à transição energética justa e contribuir para a garantia da segurança energética nacional, que é urgente”, acrescentou Bacelar na entrevista ao jornal da entidade.
No terceiro trimestre, a estatal brasileira de petróleo obteve lucro líquido de R$ 32,6 bilhões e distribuiu R$ 17,1 bilhões de dividendos, (52,5% do lucro). O valor está muito além da distribuição obrigatória de dividendos de 25% do lucro líquido, de acordo com o Estatuto Social e as normas vigentes.
Os investimentos da Petrobrás foram bastante reduzidos pela administração comandada por Jair Bolsonaro e Paulo Guedes. Eles esquartejaram a empresa e venderam subsidiárias, como BR Distribuidora, os gasodutos e refinarias. Isso se refletiu na redução de refino, aumento de importações e alta de preços. Este problema ainda não foi resolvido a contento. O país segue importando derivados. Certamente seriam necessários maiores investimentos e menos dividendos.
O diretor Financeiro da Petrobrás, Fernando Melgarej, justificou a distribuição generosa de dividendos pelos cálculos de que a medida não atrapalha o fluxo de caixa da empresa. “E se tudo isso for suprido com um grau de confiança elevado, então a gente não tem intenção de manter mais caixa que o necessário, por isso fizemos esse valor e a gente está superconfortável com isso. Entendemos que é robusta essa distribuição e não inviabiliza em nada o nosso planejamento estratégico de 2025 a 2029”, declarou.
A gestão do Ministério da Fazenda, comandada por Fernando Haddad, empenhada não só em cortar despesas mas também em recolher o máximo de recursos para garantir o equilíbrio fiscal, comemora a decisão, que deverá engordar o caixa do Tesouro e garantir os pagamentos de juros e outras despesas financeiras em dia. O governo tem 36,6% das ações da Petrobras, das quais 28,67% são detidos diretamente pelo governo e 7,9% do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
Na mesma quinta-feira (21), o mesmo Conselho de Administração aprovou um plano de ações para o período de 2025 a 2029. A previsão é que haja investimentos de US$ 111 bilhões no período, sendo US$ 98 bilhões na Carteira de Projetos em Implantação e US$ 13 bilhões na Carteira de Projetos em Avaliação.
Do valor total de US$ 111 bilhões, a previsão é de que US$ 77 bilhões sejam investidos em exploração e produção, US$ 20 bilhões em refino, transporte e comercialização, US$ 11 bilhões em gás e energias de baixo carbono e US$ 3 bilhões na parte corporativa.