O planejamento de golpe de estado feito por aliados de Jair Bolsonaro envolvia, além do assassinato do presidente eleito Lula e do vice Geraldo Alckmin, a morte do então presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes, e toda sua equipe de segurança.
Na terça-feira (19), a Polícia Federal prendeu o general da reserva Mario Fernandes, o tenente-coronel Helio Ferreira Lima, os majores Rodrigo Bezerra Azevedo e Rafael Martins de Oliveira, os chamados “kids pretos”, aliados de Bolsonaro e executores do plano homicida. Também foi preso o policial federal Wladimir Matos Soares que participou da conspiração.
A Polícia Federal teve acesso aos documentos utilizados no planejamento, que foram impressos dentro do Palácio do Planalto.
“O documento traz em formato de tópicos o planejamento de uma operação clandestina, com demandas de reconhecimento operacional a serem realizadas, demandas para preparação e condução da ação (recursos necessários), demandas de pessoal a ser utilizado e condições de execução”, relatou a PF.
O grupo já estava realizando “ações de reconhecimento” nos locais em que Alexandre de Moraes transitava, “apresentando algumas dificuldades em relação ao comboio e aos protocolos de segurança do alvo”.
Em um trecho, o documento descreve os “danos colaterais passíveis e aceitáveis”, como 100%. Isto é, que era aceitável dentro do plano assassinar todas as pessoas que estivessem com Alexandre de Moraes.
“Ou seja, claramente para os investigados a morte não só do ministro, mas também de toda a equipe de segurança e até mesmo dos militares envolvidos na ação era admissível para cumprimento da missão de ‘neutralizar’ o denominado ‘centro de gravidade’, que seria um fator de obstáculo à consumação do golpe de Estado”, descreveu a PF.
O documento golpista ainda descrevia as ações que seriam realizadas para identificar o aparato de segurança de Moraes, como seguranças e veículos blindados, assim como as armas e outros equipamentos necessários para o assassinato.
Além disso, descrevia a quantidade mínima de pessoas para o golpe e uma análise dos riscos que estavam sendo tomados. Os golpistas pensaram em usar uma bomba e, até, envenenar Moraes “em evento público” dos alvos.