“Com o aumento da taxa Selic e a previsão de novas altas nos juros, o custo do crédito deve ficar pior para financiamentos e empréstimos”, adverte o presidente da CNDL, José César da Costa
Em outubro de 2024, o número de pessoas no Brasil que não conseguiram pagar suas dívidas ficou em 68,1 milhões, aponta o Indicador de Inadimplência da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), em parceria do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil).
Isso significa que quatro em cada dez brasileiros adultos (41,23%) estavam com seus nomes negativados no décimo mês deste ano.
“Em comparação com outubro de 2023, o percentual de inadimplentes do Brasil teve crescimento de 1,13% em outubro de 2024. Na passagem de setembro para outubro, o número de devedores cresceu 0,94%”, destaca a CNDL, em nota divulgada na última terça-feira (19).
No mês de outubro deste ano, ainda, cada CPF negativado devia, em média, R$ 4.425,73. A maior parte das dívidas são com bancos.
O presidente da CNDL, José César da Costa, alerta que o aumento da inadimplência indica “um aperto financeiro persistente, principalmente para os consumidores da faixa etária de 30 a 39 anos, onde se concentra a maior parte dos devedores”, ressalta.
César da Costa também expressa preocupações com o movimento do Banco Central (BC), de elevar a taxa de juros básica (Selic), em patamares ainda mais altos do que estão hoje. Entre agosto e novembro deste ano, o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC realizou dois acréscimos na taxa, um de 0,25 ponto percentual (p.p) em agosto e outro de 0,50% p.p em novembro, que saiu dos 10,50% para 11,25% ao ano.
“Com o aumento da taxa Selic e a previsão de novas altas nos juros, o custo do crédito deve ficar pior para financiamentos e empréstimos, afetando ainda mais os consumidores endividados, principalmente aqueles com dívidas bancárias. Esta é uma situação preocupante, já que a maior parte das dívidas em atraso se concentra no setor bancário, com crescimento de 4,16% nas dívidas dessa categoria”, destaca César da Costa.
Já para a próxima reunião do Copom, em dezembro deste ano, bancos como o Itaú, por exemplo, já defendem um acréscimo de 0,75 p.p na Selic, o que colocaria a taxa de juros nominal em 12% no final deste ano.