Em um ano, o número de pedidos de falências cresceu 50,8%, segundo o Indicador de Falências e Recuperação Judicial da Serasa Experian, apontando que esse tipo de demanda judicial saltou de 61 requerimentos em outubro do ano passado para 92 pedidos no mesmo mês de 2024.
As micros e pequenas empresas se destacam entre os pedidos de falência, com 55 solicitações, seguidas pelas médias (20) e grandes empresas (17). O setor de Serviço foi o principal demandante, com registro de 39 companhias, enquanto Comércio apareceu com 28 pedidos e a Indústria com 24 solicitações.
Já o número de pedidos de recuperação judicial também avançou, crescendo 37,7% de um ano para outro. A Serasa Experian aponta que este tipo de demanda judicial alcançou o patamar de 223 solicitações em outubro deste ano, a terceira maior de 2024. No mesmo mês de 2023, tinham sido 162 requisições.
As micros e pequenas também lideraram nos pedidos de recuperação judicial, com 177 casos, em seguida estavam os médios negócios (38) e os grandes (8).
A dificuldade em manter as portas das companhias abertas é mais um sintoma da estagnação econômica que o Brasil vive na última década, em que a taxa básica de juros (Selic) do Banco Central (BC) permanecera, na maior parte deste período, em níveis escorchantes para restringir os investimentos e consumo de bens e serviços no país.
Atualmente, a Selic encontra-se em 11,25% ao ano, com os bancos pressionando para que o BC suba a taxa para 12% em dezembro deste ano.
O economista da Serasa Experian, Luiz Rabi, avalia que a “alta das taxas de juros eleva o custo do crédito e dificulta o pagamento das dívidas pelas empresas”. Segundo Rabi, ainda, “os pedidos de falências ocorrem como última tentativa de os credores evitarem um prejuízo maior e receberem da empresa devedora um valor proporcional ao crédito concedido”.
Em agosto deste ano, 6,9 milhões de companhias estavam com dívidas. Ou seja, 3 em cada 10 companhias (32,6%) existentes no país estavam com o CNPJ no vermelho. “O total devido em agosto superou a R$ 149,1 bilhões, com um ticket médio de cada conta atrasada estimado em R$ 2.977”, destaca a Serasa.
Desde maio deste ano, a porcentagem correspondente a 6,9 milhões de negócios negativados tem se mantido no mesmo patamar.
Luiz Rabi explica que “empresas com esse tipo de endividamento enfrentam riscos maiores e o aumento das taxas de juros pode resultar em pagamentos mais altos, complicando a gestão financeira. A incapacidade de refinanciar ou renegociar essas dívidas pode levar à insolvência”, comenta.
A maior parte das empresas negativadas são da atividade de Serviços (56%), seguido por Comércio (35%), Indústria (7,3%), setor primário (0,8%) e Outros (0,3%) – que contempla negócios financeiros e do terceiro setor.