Alta nos preços das passagens aéreas, das carnes e no cigarro pressionaram o IPCA-15
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA), considerado a prévia oficial da inflação, registrou alta de 0,62% em novembro deste ano, divulgou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), nesta terça-feira (26).
Entre os principais vilões da inflação no mês, estão os preços das passagens aéreas (subiu 22,56%) – que tipicamente sobem de forma abusiva no final do ano -, e os das carnes (alta de 7,54%).
Em outubro deste ano, a prévia da inflação ficou em 0,54%. No ano, o IPCA-15 acumula alta de 4,35% e, nos últimos 12 meses, a variação foi de 4,77%. Em novembro de 2023, a alta foi de 0,33%.
Dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados no IPCA-15, a maior variação e o maior impacto vieram de Alimentação e bebidas, com alta de 1,34% e 0,29 ponto percentual (p.p.) sobre o índice geral.
Com o resultado, os preços da alimentação – que vinham de deflação no mês de julho – atingiram o terceiro mês consecutivo de alta, puxada pelo clima desfavorável de secas deste ano, que trouxeram problemas à produção de alguns alimentos e escassez hídrica em diversas regiões do país.
Na prévia da inflação de novembro, a alimentação no domicílio acelerou de +0,95% em outubro para 1,65% em novembro, com a alta nos preços do óleo de soja (alta de 8,38%) e do do tomate ( alta de 8,15%).
Também houve aumento expressivo nos preços das carnes (alta de 7,54%), com itens como contrafilé e a costela marcando aumento de 7,60% e impacto de 0,03 p.p e 8,93% e 0,03 p.p no índice geral, respectivamente.
Apesar das secas terem afetado plantios de diversas safras e prejudicado a alimentação do gado, o agronegócio não deixou de embarcar para fora do país 2,29 milhões de toneladas de carne bovina nos primeiros dez meses de 2024, igualando o resultado de todo o ano de 2023, de acordo com a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec), com base nos números divulgados pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC).
Por outro lado, em novembro caíram os preços da cebola (-11,86%), do ovo de galinha (-1,64%) e das frutas (-0,46%).
Outra pressão de preços importante veio do grupo dos Transportes, que registrou alta de 0,82%, uma alta alimentada pelo subitem passagem aérea, que subiu 22,56% e teve o maior impacto individual no índice do mês (0,14 p.p.). A alta dos preços deste grupo também foi alavancada pelos preços dos ônibus urbanos (alta 1,34%).
Em novembro as Despesas Pessoais (alta 0,83% e impacto 0,08 p.p). também pesaram no bolso do consumidor, principalmente pela alta do cigarro, que subiu 4,97%, devido ao aumento da alíquota específica do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI incidente sobre cigarros), a partir de 1º de novembro.
As demais variações por grupo do IPCA-15 ficaram entre o recuo de -0,01% de Educação e o aumento de 0,36% em Vestuário.
Resultado do IPCA por grupo:
- Alimentação e bebidas: 1,34%;
- Habitação: 0,22%;
- Artigos de residência: 0,11%;
- Vestuário: 0,36%;
- Transportes: 0,82%;
- Saúde e cuidados pessoais: 0,18%;
- Despesas pessoais: 0,83%;
- Educação: -0,01%;
- Comunicação: 0,11%.
Com o resultado do IPCA-15 de novembro atrelado a fatores sazonais – que a política monetária do Banco Central (BC) não tem como combater , o mercado financeiro já colocou seus porta-vozes na mídia no dia de hoje para pressionarem por mais aumento da taxa de juros (Selic), com o pretexto de combate à inflação. Atualmente, a Selic está em 11,25% ao ano, mas os bancos exigem que a taxa atinja no mínimo 12% no final deste ano.